O Saúde Coletiva em Debate desta sexta-feira, 17 de janeiro, discutiu a confluência de saberes trans-específicos no campo da saúde. Durante o seminário, foram abordados os desafios e perspectivas sobre o acesso à saúde, os determinantes sociais que impactam a população trans, as dificuldades enfrentadas por crianças e adolescentes com variabilidade de gênero, além da saúde mental de pessoas trans.

O evento contou com a participação de Ailton Santos (Ambulatório Trans CEDAP/SESAB), Beo Oliveira (ISC/UFBA), Ranna Danielly (Imprep/INI/Fiocruz) e Guilherme Bernardo (IBRAT-BA), sob a coordenação da pesquisadora Aimêe Campos (ISC/UFBA).

Entre os temas abordados, destacou-se a necessidade de letramento em diversidade de gênero no sistema de saúde e a urgência de políticas públicas mais inclusivas, garantindo atendimento qualificado e livre de discriminação. Foram apresentados dados e reflexões sobre as desigualdades no acesso aos serviços de saúde, reforçando a importância da formação continuada de profissionais para acolher e atender adequadamente essa população.

No contexto da infância e adolescência trans, os debates trouxeram à tona os impactos da cisheteronormatividade na construção da identidade de gênero e os desafios enfrentados por jovens e suas famílias. A ausência de protocolos específicos para esse público e o desconhecimento de profissionais sobre abordagens respeitosas e inclusivas foram apontados como barreiras que dificultam a busca por assistência.

O debate também abordou a relação entre a transfobia internalizada e o sofrimento psíquico, evidenciando a alta prevalência de ansiedade, depressão e ideação suicida entre pessoas trans. O isolamento social e as dificuldades no acesso a tratamentos hormonais e cirurgias de afirmação de gênero foram apontados como fatores que impactam o bem-estar dessa população.

O evento reforçou a importância da troca de experiências e construção coletiva de estratégias para fortalecer políticas de saúde que garantam o respeito, a dignidade e os direitos das pessoas trans.

A íntegra do seminário está disponível no canal do ISC no YouTube (link acima). O vídeo é acessível na Língua Brasileira de Sinais (Libras).