[:pb]Por que o acesso à saúde é tão desigual em nosso país? E por que a situação é ainda mais crítica se você for mulher, negra e pobre? As discussões sobre saúde que envolvem gênero, raça/etnia e classe social ganharam espaço no Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFBA 2019, evento realizado entre os dias 29 e 31 de outubro, na Universidade Federal da Bahia.
A mortalidade materna, um dos principais temas relacionados à saúde da mulher, foi destaque na mesa “Interseccionalizando iniquidades em saúde coletiva: uma questão de raça, gênero e classe”, realizada no auditório do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA), na quarta-feira (30). Segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2015, o país registrou 1.463 casos de mortes causadas por problemas na gravidez, no parto ou até 42 dias após a gestação.
Durante o debate, o enfermeiro e doutorando em Saúde Pública (ISC/UFBA) Leonildo Silva alertou sobre o impacto das desigualdades de raça e classe social nos casos de mortalidade materna ou nas experiências de near miss (quase morte) das mães. Para ele, o perfil das pacientes é bastante conhecido em qualquer maternidade do país. “São as mulheres negras que estão em situação de desvantagem na atenção obstétrica, com acesso mais precário ao serviço de saúde e com maior risco de morte materna”.
Entre as dificuldades discutidas pela mesa, está a barreira que as mulheres encontram diante dos profissionais de saúde. “Existe racismo e sexismo nas práticas de cuidados”, observou a psicóloga Gabriela dos Santos Silva, doutoranda em Saúde Pública do ISC/UFBA. Ela aponta o ativismo como principal estratégia de resistência para enfrentar o racismo em todas as áreas.
A professora Priscila Coimbra Rocha, da Escola de Enfermagem da UFBA, destacou ainda a presença majoritária de mulheres negras nas unidades do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Para ela, existe um processo de apagamento das questões que levam a uma maior vulnerabilidade dessa parcela da população. “O que acontece no cotidiano das relações e na trajetória dessas mulheres?”, questionou.
Câncer de mama
O grupo também discutiu as manifestações de raça e classe social no diagnóstico e tratamento do câncer de mama, o tipo de neoplasia que mais mata mulheres no país. “No Brasil, as mulheres negras são, em sua maioria, as mais pobres. Essa situação acarreta frequente modificação na administração do exame que identifica o tumor e o acesso da tecnologia apropriada ao tratamento”, explica a doutoranda Taynar Pereira (ISC/UFBA), que está elaborando um estudo sobre o tema.
O assunto foi ainda pauta da mesa “Desigualdades, acesso e utilização dos serviços de rastreamento do câncer de mama na Bahia”, que aconteceu na tarde de quarta-feira (30), no auditório do ISC/UFBA. “Se por um lado a ocorrência é mais frequente nos países de alta renda, a mortalidade é maior nos países de baixa e média renda. E isso é fruto de muitas desigualdades sociais, mostrando que é preciso ter, além do diagnóstico, um tratamento precoce também”, destacou a professora Estela Aquino, pesquisadora do Programa Integrado de Pesquisa e Cooperação Técnica em Gênero e Saúde (MUSA) do ISC/UFBA, durante a abertura da sessão.
Desde 2012, a equipe do programa desenvolve uma pesquisa suplementar ao Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que há mais de dez anos acompanha a saúde de 15 mil servidores espalhados em seis capitais brasileiras. Através da base de dados disponibilizada pelo ELSA-Brasil, as pesquisadoras do MUSA pretendem investigar o padrão de uso de serviços de detecção do câncer de mama entre as mulheres de 50 e 69 anos, funcionárias públicas ativas e aposentadas, residentes na Bahia.
Além do exame de mamografia, elas investigam a frequência das consultas ginecológicas e a realização do exame clínico das mamas pelas participantes. “As mulheres mais velhas e sem união conjugal representam o subgrupo que utiliza a atenção de modo menos frequente e fora da periodicidade recomendada”, aponta a pesquisadora Ana Clara Campos.
Os dados preliminares da pesquisa mostram que as mulheres pardas, com nível de escolaridade médio, de 60 a 69 anos e com filhos realizam a consulta ginecológica com mais de 2 anos de intervalo. Elas ainda estão entre as que mais realizaram histerectomia. A cirurgia de remoção de útero também foi mais frequente entre as mulheres que se declararam pretas, na mesma faixa etária e com filhos.
“Mesmo sendo uma população mais homogênea, os resultados demonstram que há diferenças sociodemográficas entre as mulheres, como se observa nos perfis, e há diferenças entre os grupos em relação à utilização dos serviços de saúde”, explica a pesquisadora Emanuelle Góes, que também integra a equipe do MUSA.
A discussão sobre o câncer de mama se estendeu em outras mesas do Congresso da UFBA 2019. Na quinta-feira (31), a Escola de Enfermagem promoveu o debate “Saúde reprodutiva de mulheres trabalhadoras rurais: a não realização de exames de rastreio para o câncer de colo de útero e mamas” com a participação de Ana Cleide da Silva Dias, Gabriela Cardoso Moreira Marques, Flávia Karine Leal Lacerda e Silvia Ferreira.
Na quarta-feira (30), a equipe do Instituto de Saúde Coletiva coordenou a mesa “Mamografia de rastreio do câncer de mama no Sistema Único de Saúde: análise comparativa entre interior e capital do estado da Bahia”, apresentada por Elissa Nascimento Cavalcante e coordenada por Karina Araújo Pinto.
Direitos reprodutivos
“É pela vida das mulheres: práticas de aborto no Brasil, um debate necessário” foi o tema da mesa realizada na quinta-feira (31), no auditório da Escola de Enfermagem da UFBA. A discussão foi promovida por pesquisadoras do Programa Integrado de Pesquisa e Cooperação Técnica em Gênero e Saúde (MUSA) do ISC/UFBA.
Durante a abertura, a professora Greice Maria De Souza Menezes apresentou dados sobre a frequência de abortos no Brasil. A estimativa, segundo o método empregado pelo Instituto Alan Guttmacher (AGI), é de que sejam provocados, por ano, entre 900 mil e 1,2 milhão de abortos no país. Um outro estudo, usado como base para a discussão, elaborado pela pesquisadora Débora Diniz, aponta para cerca de meio milhão de abortos provocados no Brasil só em 2015.
Segundo a professora, a imprecisão dos números revela o impacto da criminalização do aborto sobre essas notificações. Ela destaca a violência verbal, a negligência no atendimento e a ameaça de chamar a polícia como um dos principais obstáculos. “Apesar de ser uma prática que ocorre em todas as classes sociais, os casos de mortes prevalecem sobre as mulheres negras, jovens (menores de 20 anos), com ensino fundamental e solteiras”, pontua.
A professora chamou a atenção para o uso quase exclusivo da curetagem, considerado o procedimento mais agressivo de aborto. Enquanto isso, a aspiração manual intrauterina, técnica recomendada pela OMS e pelo próprio governo, só é ofertada a 5% das mulheres.
A mesa também abriu espaço para apresentação de trabalhos desenvolvidos por pesquisadoras do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA que ajudam a compreender os caminhos da prática de aborto no Brasil e o impacto sobre a vida das mulheres. O primeiro traz experiências de aborto realizadas em clínicas particulares no nordeste brasileiro. “Verificamos que existem diferentes clínicas e diversas modalidades de atendimento realizadas pelos médicos nestes serviços privados, mas sem nenhuma garantia de segurança por conta da ilegalidade do aborto”, observou a pesquisadora Paloma Silveira.
O outro estudo, apresentado pela pesquisadora Emanuelle Góes, evidencia ainda que as mulheres negras estão em contextos menos favoráveis à continuidade da gravidez e têm maiores dificuldades pessoais na busca de cuidado e no acesso à atenção hospitalar para efetivação dos cuidados pós-aborto.
A discussão da mesa foi ampliada com a presença da defensora pública federal Charlene Borges, que apresentou as bases jurídicas e os avanços sobre o tema. Em agosto, o Supremo Tribunal Federal abriu para consulta pública a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442. O pedido é pela exclusão dos dois artigos do Código Penal que criminalizam o aborto e pela legalidade da prática até a décima segunda semana de gestação. Atualmente, o aborto só é permitido em caso de risco de vida para a mulher, quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico.
Os direitos reprodutivos também foram pautados em outras mesas do Congresso da UFBA 2019. Na quarta-feira (30), a Faculdade de Direito promoveu a mesa “Responsabilidade civil e aborto: uma análise crítica da indenização por danos morais e materiais nos casos de aborto sem o consentimento de um dos genitores”, coordenada por Ana Luiza Pinheiro Flauzina e apresentada por Luana De Almeida de Aquino.
Na quinta-feira (31), a Escola de Enfermagem abriu espaço para o relato de experiência do minicurso “Legalização do aborto: uma questão de saúde pública”, realizado no município de Barreiras. A mesa foi coordenada por Silvia Ferreira e apresentada por Paula Vielmo.[:en]Why is access to health so unequal in our country? And why is the situation even more critical if you are a woman, black and poor? Health discussions involving gender, race / ethnicity and social class gained space at the UFBA 2019 Research, Teaching and Extension Congress, held on October 29-31 at the Federal University of Bahia.
Maternal mortality, one of the main themes related to women’s health, was highlighted at the table “Intersectionalizing inequities in public health: a question of race, gender and class” , held in the auditorium of the Institute of Collective Health (ISC / UFBA), at Wednesday (30). According to the latest data released by the Ministry of Health, in 2015, the country recorded 1,463 cases of deaths caused by problems in pregnancy, childbirth or up to 42 days after pregnancy.
During the debate, the nurse and doctoral student in Public Health (ISC / UFBA) Leonildo Silva warned about the impact of race and social inequalities on maternal mortality or mothers’ near miss experiences. For him, the profile of patients is well known in any maternity hospital in the country. “It is black women who are disadvantaged in obstetric care, with poorer access to health services and at higher risk of maternal death.”
Among the difficulties discussed by the table is the barrier that women face before health professionals. “There is racism and sexism in care practices,” noted psychologist Gabriela dos Santos Silva, PhD student in Public Health at ISC / UFBA. She points to activism as the main resistance strategy to confront racism in all areas.
Professor Priscila Coimbra Rocha, from the UFBA School of Nursing, also highlighted the majority presence of black women in the units of the Psychosocial Care Center (CAPS). For her, there is a process of erasing the issues that lead to greater vulnerability of this portion of the population. “What happens in the daily relationships and the trajectory of these women?” He asked.
Breast cancer
The group also discussed the manifestations of race and social class in the diagnosis and treatment of breast cancer, the type of cancer that most kills women in the country. “In Brazil, black women are mostly the poorest. This situation causes frequent changes in the administration of the exam that identifies the tumor and the access of appropriate technology to treatment, ”explains doctoral student Taynar Pereira (ISC / UFBA), who is preparing a study on the subject.
The subject was also the agenda of the table “Inequalities, access and use of breast cancer screening services in Bahia”, which took place on Wednesday afternoon (30), in the auditorium of ISC / UFBA. “If on the one hand the occurrence is more frequent in high income countries, mortality is higher in low and middle income countries. And this is the result of many social inequalities, showing that it is necessary to have, in addition to diagnosis, an early treatment as well, ”said Professor Estela Aquino, researcher of the Integrated Program for Research and Technical Cooperation in Gender and Health (MUSA) of ISC / UFBA during the opening of the session.
Since 2012, the program team has been conducting a supplementary survey to the Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brazil), which for over ten years has been monitoring the health of 15,000 employees spread across six Brazilian state capitals. Through the database provided by ELSA-Brasil, MUSA researchers intend to investigate the pattern of use of breast cancer detection services among women aged 50 and 69, active and retired civil servants living in Bahia.
In addition to the mammography exam, they investigate the frequency of gynecological consultations and the participants’ clinical breast exam. “Older women without marital union represent the subgroup that uses attention less frequently and outside the recommended periodicity,” says researcher Ana Clara Campos.
Preliminary data from the survey show that brown women with an average education level of 60 to 69 years old with children have a gynecological consultation more than 2 years apart. They are still among the most hysterectomized. Uterus removal surgery was also more frequent among women who declared themselves black, in the same age group and with children.
“Even being a more homogeneous population, the results show that there are sociodemographic differences between women, as seen in the profiles, and there are differences between groups in the use of health services,” explains researcher Emanuelle Góes, who also integrates the MUSA team.
The discussion about breast cancer extended to other tables of the UFBA 2019 Congress. On Thursday (31), the School of Nursing promoted the debate “ Reproductive Health of Rural Working Women: Not Performing Screening Tests for Breast Cancer ”. cervical cancer and breast cancer ” with the participation of Ana Cleide da Silva Dias, Gabriela Cardoso Moreira Marques, Flavia Karine Leal Lacerda and Silvia Ferreira.
On Wednesday (30), the team of the Institute of Collective Health coordinated the table “Mammography screening breast cancer in the Unified Health System: comparative analysis between interior and capital of the state of Bahia” , presented by Elissa Nascimento Cavalcante and coordinated by Karina Araújo Pinto.
Reproductive rights
“It’s for women’s lives: abortion practices in Brazil, a necessary debate” was the theme of the table held on Thursday (31), in the auditorium of the UFBA School of Nursing. The discussion was promoted by researchers from ISC / UFBA’s Integrated Program for Research and Technical Cooperation on Gender and Health (MUSA).
During the opening, Professor Greice Maria De Souza Menezes presented data on the frequency of abortions in Brazil. The estimate, according to the method employed by the Alan Guttmacher Institute (AGI), is that between 900,000 and 1.2 million abortions are caused each year in the country. Another study, used as the basis for the discussion, prepared by researcher Deborah Diniz, points to about half a million abortions caused in Brazil in 2015 alone.
According to the teacher, the inaccuracy of the numbers reveals the impact of criminalization of abortion on these notifications. She highlights verbal violence, carelessness and the threat of calling the police as one of the main obstacles. “Despite being a practice that occurs in all social classes, cases of death prevail over black women, young (under 20 years), with elementary and single education,” he points out.
The teacher pointed to the almost exclusive use of curettage, considered the most aggressive abortion procedure. Meanwhile, manual intrauterine aspiration, a technique recommended by WHO and the government itself, is only offered to 5% of women.
The table also opened space for the presentation of works developed by researchers from the UFBA Institute of Collective Health that help to understand the ways of abortion practice in Brazil and the impact on women’s lives. The first brings abortion experiences performed in private clinics in northeastern Brazil. “We found that there are different clinics and different types of care provided by doctors in these private services, but without any guarantee of safety because of the illegality of abortion,” noted researcher Paloma Silveira.
The other study, presented by researcher Emanuelle Góes, also shows that black women are in less favorable contexts for the continuity of pregnancy and have greater personal difficulties in seeking care and access to hospital care for effective postabortion care.
The discussion of the table was expanded with the presence of federal public defender Charlene Borges, who presented the legal bases and the advances on the subject. In August, the Federal Supreme Court opened for public consultation the Fundamental Precepts Arrangement (ADPF) 442. The request is for the exclusion of the two articles of the Penal Code that criminalize abortion and for the legality of the practice until the twelfth week of gestation. . Currently, abortion is only permitted in case of life-threatening women, when the pregnancy results from rape or if the fetus is anencephalic.
Reproductive rights were also ruled at other tables of the UFBA 2019 Congress. On Wednesday (30), the Faculty of Law promoted the table “ Civil liability and abortion: a critical analysis of compensation for moral and material damage in cases of abortion. without the consent of one of the parents ” , coordinated by Ana Luiza Pinheiro Flauzina and presented by Luana De Almeida de Aquino.
On Thursday (31), the School of Nursing opened space for the experience report of the short course “Legalization of abortion: a public health issue”, held in the city of Barreiras. The table was coordinated by Silvia Ferreira and presented by Paula Vielmo.[:es]¿Por qué el acceso a la salud es tan desigual en nuestro país? ¿Y por qué la situación es aún más crítica si eres mujer, negra y pobre? Las discusiones sobre salud relacionadas con el género, la raza / etnia y la clase social ganaron espacio en el Congreso de Investigación, Enseñanza y Extensión de la UFBA 2019, celebrado del 29 al 31 de octubre en la Universidad Federal de Bahía.
La mortalidad materna, uno de los temas principales relacionados con la salud de la mujer, se destacó en la tabla “Interseccionalización de las inequidades en salud pública: una cuestión de raza, género y clase” , celebrada en el auditorio del Instituto de Salud Colectiva (ISC / UFBA), en Miércoles (30). Según los últimos datos publicados por el Ministerio de Salud, en 2015, el país registró 1.463 casos de muertes causadas por problemas en el embarazo, el parto o hasta 42 días después del embarazo.
Durante el debate, la enfermera y estudiante de doctorado en Salud Pública (ISC / UFBA) Leonildo Silva advirtió sobre el impacto de la raza y las desigualdades sociales en la mortalidad materna o las experiencias cercanas a las madres. Para él, el perfil de las pacientes es bien conocido en cualquier hospital de maternidad del país. “Son las mujeres negras las que están en desventaja en la atención obstétrica, con menos acceso a los servicios de salud y con mayor riesgo de muerte materna”.
Entre las dificultades discutidas en la tabla está la barrera que enfrentan las mujeres ante los profesionales de la salud. “Hay racismo y sexismo en las prácticas de atención”, señaló la psicóloga Gabriela dos Santos Silva, estudiante de doctorado en Salud Pública en ISC / UFBA. Ella señala al activismo como la principal estrategia de resistencia para enfrentar el racismo en todas las áreas.
La profesora Priscila Coimbra Rocha, de la Escuela de Enfermería de la UFBA, también destacó la presencia mayoritaria de mujeres negras en las unidades del Centro de Atención Psicosocial (CAPS). Para ella, hay un proceso de borrar los problemas que conducen a una mayor vulnerabilidad de esta parte de la población. “¿Qué sucede en las relaciones diarias y la trayectoria de estas mujeres?”, Preguntó.
Cáncer de mama
El grupo también discutió las manifestaciones de raza y clase social en el diagnóstico y tratamiento del cáncer de seno, el tipo de cáncer que más mata a las mujeres en el país. “En Brasil, las mujeres negras son en su mayoría las más pobres. Esta situación provoca cambios frecuentes en la administración del examen que identifica el tumor y el acceso de tecnología apropiada al tratamiento ”, explica el estudiante de doctorado Taynar Pereira (ISC / UFBA), quien está preparando un estudio sobre el tema.
El tema también fue la agenda de la mesa “Desigualdades, acceso y uso de servicios de detección de cáncer de mama en Bahía”, que tuvo lugar el miércoles por la tarde (30), en el auditorio de ISC / UFBA. “Si, por un lado, la incidencia es más frecuente en los países de altos ingresos, la mortalidad es mayor en los países de bajos y medianos ingresos. Y este es el resultado de muchas desigualdades sociales, lo que demuestra que es necesario tener, además del diagnóstico, un tratamiento temprano también “, dijo la profesora Estela Aquino, investigadora del Programa Integrado de Investigación y Cooperación Técnica en Género y Salud (MUSA) de ISC / UFBA durante la apertura de la sesión.
Desde 2012, el equipo del programa ha llevado a cabo una investigación complementaria al Estudio Longitudinal de Salud de Adultos (ELSA-Brasil), que durante más de diez años ha estado monitoreando la salud de 15,000 empleados distribuidos en seis capitales brasileñas. A través de la base de datos proporcionada por ELSA-Brasil, los investigadores de MUSA tienen la intención de investigar el patrón de uso de los servicios de detección de cáncer de seno entre las mujeres de 50 y 69 años, funcionarias activas y jubiladas que residen en Bahía.
Además del examen de mamografía, investigan la frecuencia de las consultas ginecológicas y el examen clínico de los senos por parte de las participantes. “Las mujeres mayores sin unión matrimonial representan el subgrupo que usa la atención con menos frecuencia y fuera de la periodicidad recomendada”, dice la investigadora Ana Clara Campos.
Los datos preliminares de la encuesta muestran que las mujeres morenas con un nivel de educación promedio de 60 a 69 años con niños tienen una consulta ginecológica con más de 2 años de diferencia. Todavía se encuentran entre los más histerectomizados. La cirugía de extracción de útero también fue más frecuente entre las mujeres que se declararon negras, en el mismo grupo de edad y con niños.
“Incluso siendo una población más homogénea, los resultados muestran que existen diferencias sociodemográficas entre las mujeres, como se ve en los perfiles, y hay diferencias entre los grupos en el uso de los servicios de salud”, explica el investigador Emanuelle Góes, quien también integra El equipo de MUSA.
La discusión sobre el cáncer de mama se extendió a otras mesas del Congreso UFBA 2019. El jueves (31), la Escuela de Enfermería promovió el debate ” Salud reproductiva de las mujeres que trabajan en zonas rurales: no realizar pruebas de detección para el cáncer de mama “. cáncer cervical y de mama ” con la participación de Ana Cleide da Silva Dias, Gabriela Cardoso Moreira Marques, Flavia Karine Leal Lacerda y Silvia Ferreira.
El miércoles (30), el equipo del Instituto de Salud Colectiva coordinó la mesa “Mamografía de detección de cáncer de mama en el Sistema Único de Salud: análisis comparativo entre el interior y la capital del estado de Bahía” , presentada por Elissa Nascimento Cavalcante y coordinado por Karina Araújo Pinto.
Derechos reproductivos
“Es para la vida de las mujeres: prácticas de aborto en Brasil, un debate necesario” fue el tema de la mesa celebrada el jueves (31), en el auditorio de la Escuela de Enfermería de la UFBA. La discusión fue promovida por investigadores del Programa Integrado de Investigación y Cooperación Técnica sobre Género y Salud (MUSA) del ISC / UFBA.
Durante la apertura, la profesora Greice Maria De Souza Menezes presentó datos sobre la frecuencia de abortos en Brasil. La estimación, según el método empleado por el Instituto Alan Guttmacher (AGI), es que cada año se producen entre 900,000 y 1.2 millones de abortos en el país. Otro estudio, utilizado como base para la discusión, preparado por la investigadora Debora Diniz, señala aproximadamente medio millón de abortos causados en Brasil solo en 2015.
Según el profesor, la inexactitud de los números revela el impacto de la criminalización del aborto en estas notificaciones. Ella destaca la violencia verbal, el descuido y la amenaza de llamar a la policía como uno de los principales obstáculos. “A pesar de ser una práctica que ocurre en todas las clases sociales, los casos de muerte prevalecen sobre las mujeres negras, jóvenes (menores de 20 años), con educación primaria y soltera”, señala.
La maestra señaló el uso casi exclusivo del legrado, considerado el procedimiento de aborto más agresivo. Mientras tanto, la aspiración intrauterina manual, una técnica recomendada por la OMS y el propio gobierno, solo se ofrece al 5% de las mujeres.
La mesa también abrió espacio para la presentación de trabajos desarrollados por investigadores del Instituto de Salud Colectiva de la UFBA que ayudan a comprender las formas de práctica del aborto en Brasil y el impacto en la vida de las mujeres. El primero trae experiencias de aborto realizadas en clínicas privadas en el noreste de Brasil. “Descubrimos que hay diferentes clínicas y diferentes tipos de atención brindada por los médicos en estos servicios privados, pero sin ninguna garantía de seguridad debido a la ilegalidad del aborto”, señaló la investigadora Paloma Silveira.
El otro estudio, presentado por el investigador Emanuelle Góes, también muestra que las mujeres negras se encuentran en contextos menos favorables para la continuidad del embarazo y tienen mayores dificultades personales para buscar atención y acceso a la atención hospitalaria para una atención postaborto efectiva.
La discusión de la mesa se amplió con la presencia de la defensora pública federal Charlene Borges, quien presentó las bases legales y los avances en el tema. En agosto, la Corte Suprema Federal abrió para consulta pública el Acuerdo de Preceptos Fundamentales (ADPF) 442. La solicitud es para la exclusión de los dos artículos del Código Penal que penalizan el aborto y la legalidad de la práctica hasta la duodécima semana de gestación. . Actualmente, el aborto solo está permitido en el caso de mujeres que amenazan la vida, cuando el embarazo es resultado de una violación o si el feto es anencefálico.
Los derechos reproductivos también se dictaminaron en otras mesas del Congreso UFBA 2019. El miércoles (30), la Facultad de Derecho promovió la mesa “ Responsabilidad civil y aborto: un análisis crítico de la compensación por daños morales y materiales en casos de aborto. sin el consentimiento de uno de los padres ” , coordinado por Ana Luiza Pinheiro Flauzina y presentado por Luana De Almeida de Aquino.
El jueves (31), la Escuela de Enfermería abrió el espacio para el informe de la experiencia del curso corto “Legalización del aborto: un problema de salud pública”, celebrado en la ciudad de Barreiras. La mesa fue coordinada por Silvia Ferreira y presentada por Paula Vielmo.[:]