O Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e o Ministério da Saúde estão realizando uma pesquisa para investigar se a população de Salvador está devidamente protegida contra o sarampo. A pesquisa “SARAMPO: tô protegid@?” pretende coletar dados de 1.554 pessoas, distribuídas em 37 áreas da capital baiana. O estudo inclui entrevistas e coleta de sangue para identificar os níveis de anticorpos contra esta doença na população.
“Em 2001, nós fizemos uma pesquisa semelhante em Salvador e identificamos que cerca de 95% da população tinha anticorpos em níveis protetores contra o sarampo e isso nos mostrou como vinham sendo efetivas as ações de imunização àquela época, mas as coberturas vacinais vêm caindo nos últimos anos e precisamos saber como está o cenário atual, ou seja, os níveis de proteção da nossa população hoje”, explica a professora Glória Teixeira, coordenadora da pesquisa.
Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Salvador tem registrado queda na cobertura da vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, desde 2015. Naquele ano, a cobertura registrada para as duas doses desta vacina foi de 90,51%, caindo para 60,41% em 2016. O menor índice registrado foi em 2021, quando apenas 30,46% da população alvo foi vacinada, conforme mostra tabela abaixo. Vale salientar que a meta estabelecida de cobertura para a tríplice viral é de 95%.
Cobertura do Esquema Completo da Vacina Tríplice Viral em Salvador, 2015-2022
2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 |
90,51 | 60,41 | 65,93 | 72,00 | 73,03 | 69,23 | 30,46 | 52,76 |
90,51 | 60,41 | 65,93 | 72,00 | 73,03 | 69,23 | 30,46 | 52,76 |
Fonte: Ministério da Saúde
Apesar do sarampo ser uma doença controlada no Brasil, sem registro de novos casos há mais de 1 ano, alguns países geograficamente próximos apontam para o avanço da doença. Segundo os pesquisadores, estudos recentes têm demonstrado que a redução nos títulos de anticorpos protetores contra o sarampo no decorrer do tempo em indivíduos vacinados, principalmente os mais jovens, que não tiveram contato com o vírus selvagem, tornam essas pessoas mais suscetíveis à doença, o que pode favorecer a circulação, caso haja reintrodução do vírus selvagem em áreas livres.
“Precisamos saber, por exemplo, se há alguma faixa etária com baixos títulos de anticorpos protetores contra o sarampo. Portanto, as informações desse estudo servirão para definir novas estratégias de imunização para Salvador, para a Bahia e para o Brasil como um todo”, alerta a professora Glória Teixeira.
Segundo a pesquisadora Maria Eduarda Vilar, a ideia do projeto surgiu a partir do momento em que o Brasil perdeu a certificação de área livre do sarampo em 2016, quando surgiram casos importados desta doença que resultaram na ocorrência de surtos em alguns estados. “Vamos então realizar um novo inquérito semelhante ao anterior e verificar qual o nível de imunidade atual da nossa população, e caso necessário, adotar medidas capazes de evitar um cenário favorável à circulação do vírus selvagem”, destaca a pesquisadora.
A realização desta pesquisa também recebe apoio da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS). A coleta de dados já foi iniciada e a previsão é que seja concluída no final do mês de abril e os resultados sejam divulgados em setembro de 2024.
“Esta pesquisa ocorre em um momento muito importante porque poderá apoiar a tomada de decisão, já que seus resultados serão apresentados ao Ministério da Saúde/PNI, e, certamente, trará subsídios para o desenvolvimento de estratégias específicas para o cenário encontrado. Por isso, convidamos a população selecionada a receber os nossos entrevistadores, para que o Brasil possa adotar novas ações com base em relevantes evidências científicas ”, aponta o pesquisador Ramon Saavedra.
Entrevistas e coletas de sangue
A primeira fase da pesquisa será realizada mediante entrevistas domiciliares, quando serão aplicados questionários estruturados para obter informações sociodemográficas, histórico de vacinação e sobre ter sido acometido por sarampo. Em um segundo momento, será coletada amostra de sangue venoso de cada participante para realização de teste laboratorial para titulação de anticorpos IgG contra sarampo, a ser realizado no Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da UFBA.
“Em síntese, o objetivo é avaliar se as pessoas vacinadas há mais tempo continuam protegidas contra o vírus selvagem do sarampo”, explica o biomédico e pesquisador Marcos Leal.
Identificação dos entrevistadores
A equipe de campo é formada por profissionais experientes contratados pela empresa Science, devidamente treinados e identificados com crachá, camisa do projeto e carta de apresentação da pesquisa e sob supervisão da equipe de pesquisadores do ISC/UFBA.
“Na frente do crachá, as pessoas podem conferir a foto do entrevistador, a identificação da empresa Science, do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e da Prefeitura de Salvador, bem como o nome completo, o documento de RG e CPF. Além disso, disponibilizamos o telefone 0800 025 0174, para que a população possa confirmar a identidade daquele entrevistador em caso de qualquer dúvida durante as abordagens”, destaca Melyssa Cardim, coordenadora de campo da pesquisa.
Abaixo, disponibilizamos também as fotos da equipe de entrevistadores e técnicos de coleta de sangue para ajudar na identificação. Outras informações também podem ser confirmadas pela população no site da empresa Science através do endereço: www.science.org.br.
Record Bahia – Pesquisa investiga proteção da população de Salvador contra o sarampo