A I Jornada Pedagógica Integrada reuniu docentes e técnicos-administrativos do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), da Escola de Enfermagem (EE) e da Faculdade de Medicina (FMB) da UFBA nos dias 6 e 7 de março, no anexo I da FMB, no Campus Canela. A atividade foi articulada pela assessoria pedagógica de cada unidade, com uma programação voltada para troca de experiências e fomento a debates entre os servidores.
A Jornada contou com a conferência “Aprendizagem ubíqua”, proferida pelo professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Daniel Silva Pinheiro. Doutor em Educação pela UFBA, Pinheiro classificou o tema como urgente e atual e fez provocações: os docentes presentes têm utilizado as potencialidades do espaço e das alternativas digitais? Para o pesquisador, a aprendizagem ubíqua, que se desloca do espaço físico formal de ensino e muda a forma como a aprendizagem acontece, precisa ser apropriada pelos professores.
Professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) da UFSB, Pinheiro afirmou que a apropriação de condições ubíquas – estar em todo lugar ao mesmo tempo – proporcionadas pela comunicação contemporânea na aprendizagem deve ter como base processos horizontalizados, com valorização do estudante como ser ativo, da interação entre alunos e de práticas educacionais abertas, que correlacionam sujeitos, dispositivos e subjetividades. Pinheiro defendeu que mesmo currículos presenciais precisam dialogar com o ambiente digital.
Nesse cenário, destacou a importância das redes de comunidades para apoiar o uso da tecnologia como forma de colaborar com o trabalho e evitar que implique sobretrabalho ou submissão por demandas de produtividade. “O momento é de transição, há dificuldades e não há respostas para tudo. Se não nos envolvermos, vão optar por nós”, alertou.
O docente pontuou que a aprendizagem dispersa no território, característica importante da aprendizagem ubíqua, não pode ignorar que muitas vezes há uma contradição entre o ambiente digital e o espaço físico concreto disponível, com condições de infraestrutura que não são adequadas, inclusive na UFBA.
A programação da Jornada contou ainda com a apresentação do trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Apoio Psicossocial de Enfermagem (NAPP). A apresentação da experiência de acolhimento à comunidade acadêmica propiciada pela equipe do núcleo, formada por profissionais das áreas de psicologia, pedagogia e serviço social, expôs a importância do fortalecimento de redes voltadas para o cuidado com a saúde mental no ambiente universitário. Para as profissionais, as ações precisam ser coletivas, com a compreensão de que é responsabilidade institucional buscar atender demandas da comunidade universitária.
Duas oficinas integraram a atividade, voltadas para discutir Planejamento, com a professora Giselle Teixeira (EE), e o perfil do estudante da UFBA, com a assistente social da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAE), Claudia Isabele Pinho. Esta última colocou em debate os desafios diante da mudança de perfil dos alunos da universidade.
Claudia Pinho destacou que o atual perfil de estudantes da UFBA traz outros hábitos de classe, com questões de vulnerabilidade acentuadas e situações de extrema vulnerabilidade. Para a servidora, essa mudança, impulsionada pela democratização do acesso e diversificação do tecido social universitário, teve como resultado um deslocamento de paradigma da universidade: é preciso atender esse público. Os servidores presentes ressaltaram que as estratégias precisam ser comunitárias, com debates coletivos sobre o cenário e as ações que precisam ser adotadas.