O Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA) recebeu na última quarta-feira (20) a visita do professor Liam Smeeth, diretor da London School of Hygiene & Tropical Medicine (Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres). O encontro marca a estreita parceria entre as duas instituições e a consolidação do processo de internacionalização do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do ISC/UFBA.
Durante a visita, o professor Luis Eugenio de Souza, diretor do Instituto de Saúde Coletiva, compartilhou com o professor Liam Smeeth informações sobre a missão, objetivos e a estruturação do ISC/UFBA, baseada em programas integrados de pesquisa e cooperação técnica. “Essa estrutura matricial propicia a interdisciplinaridade e a articulação permanente com docentes, pesquisadores, profissionais de diversas unidades da UFBA e instituições como organizações não governamentais, secretarias estaduais e municipais de saúde, ministérios, organizações nacionais e internacionais na área de saúde, além de diversos centros de pesquisa no Brasil e no exterior”, explicou o diretor.
No encontro, o professor Luis Eugenio de Souza também apresentou um panorama completo sobre a atuação do ISC/UFBA nas últimas décadas e destacou algumas das principais parcerias firmadas entre as duas instituições nos últimos anos (veja a lista abaixo), assim como o interesse em fomentar novas colaborações. “Estamos interessados e abertos não só em enviar nossos professores e alunos, mas também em receber e integrar os pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine em nossos projetos”, disse.
Com ampla experiência na área da epidemiologia clínica, o professor Liam Smeeth dedica especial atenção ao uso de dados clínicos computadorizados para pesquisa. Mais recentemente, em resposta à pandemia de covid-19, participou da criação da OpenSAFELY, uma plataforma de software segura, transparente e de código aberto para análise de dados de registros eletrônicos de saúde.
No Brasil, Liam Smeeth também colaborou na criação da Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, plataforma construída pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs/Fiocruz), a partir de informações do Cadastro Único de Programas Sociais do Brasil (CadÚnico).
Na visita ao ISC, o professor Liam Smeeth compartilhou informações gerais sobre o funcionamento da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), com destaque para a atuação em pesquisas sobre problemas de saúde enfrentados por populações mais desfavorecidas. Para o professor, a pandemia de covid-19 acentuou ainda mais a importância de novas colaborações em nível global. “Há um sentimento de renovação, de olhar para o mundo e estar mais aberto novamente a parcerias internacionais. Nesse sentido, a LSHTM está cada vez mais interessada em firmar parcerias com o Brasil”, observou.
Essa foi a primeira visita do professor ao Brasil desde a pandemia de covid-19, decretada em 2020. “Estou muito feliz por estar de volta e é gratificante ouvir sobre o trabalho que vocês estão fazendo conosco. Há questões importantes para a saúde humana e encontrar parceiros em outras instituições, especialmente de outros países, é mirar no progresso científico”, disse.
Durante a sessão, os professores e pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA) também apresentaram um pouco sobre o trabalho que realizam na instituição: suas linhas de pesquisa, objetivos dos estudos e as principais inquietações de cada área. Entre as apresentações, o professor Cleber Cremonese compartilhou informações do projeto “Melhorias nas intervenções de saneamento para prevenir a transmissão urbana da leptospirose”, liderado pelo ISC e que conta com a participação de três colaboradores da LSHTM.
Sob coordenação do professor Federico Costa, o estudo pretende avaliar a combinação de infraestrutura simplificada de rede de esgoto e atividades de envolvimento comunitário para a redução do risco de infecção por leptospirose entre comunidades urbanas de Salvador em maior situação de vulnerabilidade.
Segundo o professor, outros quatro estudantes da universidade de Londres estão desenvolvendo parte das suas dissertações e teses com dados do projeto liderado pelo ISC. “Também estamos planejando enviar alguns de nossos alunos para fazer parte do mestrado, doutorado e pós-doutorado na London”, destacou Cleber Cremonese.
A partir de novembro, o ISC contará ainda com a presença do professor Max T Eyre, colaborador da LSHTM, que atuará na unidade por um período de um ano. “Estamos aproveitando todo esse know-how da London no campo da epidemiologia ambiental e estabelecendo trocas muito interessantes”, pontuou Cremonese.
A professora Joilda Nery, vice-diretora do ISC/UFBA, destacou a experiência do ISC em investigações sobre a saúde da população negra, com foco especial sobre as condições de saúde de pessoas em situação de rua e quilombolas. Segundo a professora, existe também um interesse latente dos pesquisadores locais em ampliar as abordagens através de novas parcerias.
“Nós temos uma tradição que em pesquisas com dados secundários no contexto brasileiro, mas acho seria uma ótima oportunidade fazer parcerias em projetos que coletam dados primários sobre as condições de vida e saúde de grupos tradicionais afro-brasileiros, por exemplo”, disse.
Para o professor Maurício Barreto, a visita marca uma importante tradição colaborativa entre o ISC e a LSHTM, com destaque para a participação da professora Laura Rodrigues nesse processo de cooperação. “London School of Hygiene & Tropical Medicine é uma referência internacional de saúde pública e eu acho que esses projetos colaborativos traduzem muito o nosso momento atual de desenvolvimento. Temos a oportunidade de absorver o conhecimento produzido lá e dialogar com o de mais importante que fazemos aqui”, disse o professor.
Colaborações do ISC e a London School of Hygiene & Tropical Medicine:
- Projeto “Avaliação do efeito dos determinantes sociais e impacto de programas sociais na incidência, percentual de incapacidades físicas e desfechos do tratamento da hanseníase em uma coorte de 100 milhões de brasileiros”
Desenvolvido entre 2016 e 2020, o projeto se destaca pelo caráter inovador e pela sua relevância científica e social. Maurício Barreto, Joilda Nery, Carlos Teles e Glória Teixeira são alguns dos nove docentes do PPGSC do ISC envolvidos nesse estudo. O projeto é realizado no âmbito do CIDACS, em parceria com a London School of Hygiene & Tropical Medicine, além de outras instituições.
- Estudo ELSA Brasil – CI UFBA
Os pós-doutorandos que atuam junto a esse projeto são vinculados a universidades brasileiras e estrangeiras, a exemplo da London School of Hygiene and Tropical Medicine, no Reino Unido. O CI-BA incluiu em sua primeira onda mais de 2 mil participantes e se encontra agora na terceira onda, constituindo-se assim em um espaço ímpar de trocas acadêmicas interdisciplinares e de desenvolvimento de competências de pesquisa para muitos de nossos pós-graduandos.
- Projeto “Plataforma de vigilância de longo prazo para a zika e microcefalia no âmbito do sus (plataforma zika)”, coordenado pela professora Glória Teixeira (ISC/UFBA) com colaboração da professora Laura Rodrigues (LSHTM – London School of Hygiene and Tropical Medicine).
- Em 2020, a professora Vilma Santana deu continuidade a colaboração com os Departmentos de Saúde Global (Prof. Ligia Kiss, Susanne Mayhew, Cathy Zimmerman, Delan Devankumar) e de Epidemiologia (Neal Pearce, Ben Carter, Tony Fletcher) da London School of Hygiene and Tropical Medicine.
- Uma importante iniciativa de intercâmbio teve continuidade em 2020 com o projeto da “Coorte de 100 milhões de brasileiros”, liderado por Maurício Barreto (ISC/UFBA), que inclui parcerias com a London School of Hygiene and Tropical Medicine.
- Professor Jorge Iriart desenvolve a pesquisa “Percepções e conhecimento da população brasileira sobre o Zika vírus: um estudo qualitativo comparativo sobre a veiculação de informações em saúde” em colaboração com a London School of Hygiene and Tropical Medicine.
- Professor Luís Eugenio de Sousa foi professor visitante na London School of Hygiene and Tropical Medicine, com bolsa do Capes-PrInt/UFBA, de outubro de 2019 a fevereiro de 2020.
