Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a depressão atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo e representa a principal causa de incapacidade em todas as idades. Mas, afinal, como a interação em plataformas sociais pode afetar as pessoas que sofrem de depressão e oferecer um espaço mais seguro? É o que buscou investigar um estudo liderado por pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, em parceria com o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFSB, e publicado recentemente na revista Interface – Comunicação, Saúde, Educação.
A pesquisa “A solidão conectada: a experiência da depressão em um grupo fechado do Facebook” revelou aspectos únicos da solidão e do suporte mútuo em ambientes digitais. A partir do uso de uma metodologia netnográfica, os pesquisadores identificaram que os membros do grupo analisado encontraram um espaço seguro para expressar suas angústias e buscar compreensão, revelando a complexa dinâmica entre solidão, suporte social e a busca por identidade e pertencimento em meio à luta contra a depressão.
“Como campo de investigação, o estudo possibilitou compreender a particularidade da experiência da depressão mediante debates coletivos entre os membros desse grupo por se sentirem com mais liberdade para falar de si e do outro”, explica o pesquisador Adroaldo Belens, membro do Grupo de Pesquisa Comunicação e Educação em Saúde do ISC/UFBA.
O estudo aponta para a importância de reconhecer e integrar espaços virtuais como parte de estratégias de apoio psicossocial, destacando a necessidade de novas abordagens na saúde mental que levem em conta as realidades digitais dos pacientes.
“A solidão conectada representa uma metáfora do sofrimento psíquico vivido pelos membros desse grupo fechado no Facebook. Mas também as estratégias de manifestar as suas experiências com a depressão e a sensação de liberdade jamais possibilitada nas relações sociais face a face cotidianas”, observa o pesquisador.
A pesquisa sugere ainda que embora as redes sociais possam oferecer um refúgio temporário do isolamento social, também levantam questões sobre a qualidade e a profundidade dos relacionamentos construídos em plataformas digitais. Nesse sentido, o estudo abre portas para futuras investigações sobre como as interações online influenciam o bem-estar mental e como podem ser melhor utilizadas para fornecer apoio eficaz aos diversos grupos.
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