Na última terça-feira, 4 de junho, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, em São Francisco do Conde, foi palco do “Encontro Afetivo UNILAB & UFBA”, voltado à construção de redes de apoio e fortalecimento dos laços entre estudantes das duas instituições. O evento contou com a participação de integrantes do Quilombo das Iyás Dalzira e Xica Manicongo, coletivo criado por estudantes negras/os do Programa de Pós-graduação do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA.

Na ocasião, o grupo compartilhou suas experiências com estudantes brasileiros e estrangeiros que enfrentam racismo e xenofobia, em um momento de aprendizado e troca de conhecimentos sobre aspectos culturais de países de língua portuguesa.

“Nós apresentamos a nossa experiência de aquilombamento, as nossas potências, e como o quilombo contribui para a nossa formação e para a nossa saúde mental”, destaca a doutoranda Camila Borges (ISC/UFBA).

Durante a apresentação, também foi lida a carta de fundação do quilombo, que detalha o surgimento do grupo e seus objetivos, como a luta contra o racismo e a criação de um espaço de trocas de saberes e afetos.

“O movimento de alunos negras e negros da pós-graduação do ISC está sendo chamado a debater sobre pontes e caminhos que colaborem para que alunos africanos de outras instituições possam tecer o enfrentamento ao racismo e à xenofobia no Estado”, ressalta a mestranda Gisela dos Santos (ISC/UFBA).

Após as trocas potentes, os participantes do encontro decidiram os encaminhamentos para o fortalecimento da parceria entre a UFBA e a UNILAB. Entre as ações previstas estão a busca por apoios institucionais para pesquisas sobre a saúde de estudantes africanos e afrodescendentes, a realização de atividades sobre cuidados em saúde, a educação continuada para profissionais da saúde de São Francisco do Conde para que possam prestar assistência de qualidade aos estudantes, e a realização de atividades culturais.

Sobre o Quilombo

O Quilombo das Iyás e Xica Manicongo surgiu no segundo semestre de 2022, com o objetivo de promover o acolhimento de estudantes negras/negros, bem como um espaço de resistência e empoderamento dentro do ISC/UFBA.

Inspirado por Xica Manicongo, a primeira travesti do Brasil, e Iyagunã Dalzira, exemplo de sabedoria e determinação, que defendeu seu doutorado aos 81 anos de idade, o grupo luta por visibilidade, enfrentamento do racismo e promoção da saúde coletiva com uma perspectiva decolonial.