Discutir erros e acertos globais no enfrentamento da Covid-19 e traçar novas estratégias para futuras pandemias. Essa foi a proposta do webinário organizado pelo Escritório de Ligação Regional para a Ásia-Pacífico (APRLO) da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública (WFPHA) e a Associação Chinesa de Medicina Preventiva (CPMA). O evento foi realizado na última sexta-feira, 8 de abril, em resposta à Semana Global de Saúde Pública.
O webinário contou com a participação do professor Luis Eugenio de Souza, diretor do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA) e vice-presidente da WFPHA, que destacou falhas de vigilância, monitoramento e gestão de riscos no enfrentamento global da pandemia. “Acrescenta-se a tudo isso a incapacidade dos países para combater a desinformação, a falta de uma rede global de vigilância genômica, deficiências nos sistemas nacionais de saúde em termos de atenção aos infectados e doentes, assim como a ingerência no fornecimento adequado de equipamentos e suprimentos”, pontuou.
Para o professor, a superação da crise atual exigirá o fortalecimento do setor da saúde, com o desenvolvimento de ações de prevenção primária alinhadas global e localmente, como também o enfrentamento às causas estruturais da pandemia, a exemplo dos desastres ambientais e conflitos, inclusive os armados. “A expansão dos sistemas de proteção social, o compromisso com a Agenda 2030, o Acordo Climático e o cessar-fogo na Ucrânia e em todos os países com conflitos armados hoje seriam um bom ponto de partida”, disse.
Feng Zijian, vice-presidente e secretário-geral da Associação Chinesa de Medicina Preventiva (CPMA) e diretor do Escritório de Ligação Regional da Ásia-Pacífico da WFPHA, destacou em seu discurso que estabelecer a imunidade de rebanho e proteger as pessoas é uma parte importante das medidas antiepidêmicas da China. “A China promove ativamente o espírito de solidariedade e anti-epidemia, e se dedica a promover a construção de uma comunidade de saúde comum para a humanidade. O Escritório de Ligação Regional da Ásia-Pacífico da WFPHA promoverá ativamente o conceito da Semana da Saúde Global, continuará a desempenhar o papel de coordenação e contribuirá para o desenvolvimento da saúde pública na região”.
Bettina Borisch, diretora executiva do WFPHA, acredita que a saúde pública precisa ter uma perspectiva de longo prazo e deve fazer o trabalho presente com uma perspectiva de futuro. Para ela, documentos técnicos como o Regulamento Sanitário Internacional desempenham um papel importante na prevenção e resposta eficaz a possíveis pandemias futuras.
Tarun Weeramanthri, presidente da Associação de Saúde Pública da Austrália, afirmou que a Austrália alcançou bons resultados gerais na prevenção e controle de epidemias, criando mecanismos de governança e outras medidas. “É necessário mais investimento em saúde pública e recursos humanos no futuro para se preparar melhor para a próxima pandemia”.
Zhou Lifeng, conselheiro executivo da Associação de Saúde Pública da Nova Zelândia, compartilhou a experiência e as lições do páis sobre prevenção e controle de epidemias. “A Nova Zelândia agora tem um sistema de semáforos que mostra o nível de risco da pandemia em vermelho, laranja e verde. Esperamos que isso proteja a sociedade, a economia e a saúde das pessoas”. Ele disse que a Nova Zelândia também está passando pela maior reforma de seu sistema de saúde em duas décadas.
Le Vu Anh, presidente da Associação de Saúde Pública do Vietnã, apresentou em detalhes o trabalho realizado pela entidade na luta contra a epidemia. “Em primeiro lugar, o Vietnã precisa melhorar a P&D e a capacidade de produção de vacinas. Em segundo lugar, é necessário aproveitar ao máximo a experiência adquirida na implementação de políticas públicas de saúde para melhorar a construção do sistema primário de saúde. Terceiro, Capacitando a Atenção Primária. Finalmente, deve ser dada mais atenção à pesquisa em saúde pública e os recursos humanos no campo da saúde pública devem ser qualificados”.
“A lição que Cingapura aprendeu é que a capacidade de implementar e realizar é muito importante”, declarou Teo Yik Ying, reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade Nacional de Cingapura. Ele destacou que a importância da aplicação da lei e a comunicação mais consistente e clara são fundamentais para ajudar na resposta desta e de outras pandemias, assim como mais investimentos em infraestrutura e o estímulo à capacidade cooperativa da comunidade.
Zhou Lei, diretor do Departamento de Doenças Infecciosas Emergentes e Doenças de Causas Desconhecidas do Centro de Emergência de Saúde da China, disse que coordenação, cooperação e intercâmbio são as principais experiências que a China acumulou. Para ele, o país não apenas compartilhou os resultados epidemiológicos com a comunidade internacional, mas também a experiência e as lições acumuladas. “Nosso objetivo é construir um futuro compartilhado.” Ela disse que a prevenção e o controle da epidemia podem ser melhorados em outros cinco aspectos: “O primeiro é melhorar a construção do sistema público de saúde. O segundo é fortalecer a capacidade de gestão e operacionalização da saúde pública. consolidar a construção de equipes técnicas e de talentos em saúde pública. A quarta é manter os mecanismos de inteligência e comunicação pública, e a quinta é aprofundar a cooperação regional e global.”
Por fim, Liang Xiaofeng destacou que a epidemia exige um sistema de saúde pública global mais bem preparado. “Precisamos manter um espírito científico e continuar pensando profundamente nas melhores práticas para nos prepararmos melhor para a próxima pandemia”. Ele também avaliou o encontro como uma oportunidade para as lideranças refletirem mais profundamente sobre as melhores práticas. “Espera-se que, sob a liderança da OMS e da WFPHA, associações e instituições possam continuar a aprofundar a cooperação e abraçar conjuntamente o alvorecer da vitória no futuro”, concluiu.