O último dia do Simpósio Teoria Crítica da Saúde Digital, realizado nesta quinta-feira (14), foi marcado por debates sobre governança de dados, ética e os rumos da transformação digital na saúde pública. As discussões apontaram para a necessidade de políticas que assegurem o uso ético e inclusivo das tecnologias, com foco na equidade e na valorização do conhecimento humano.

Pela manhã, o painel sobre “Uso crítico de grandes bases de dados e sistemas de informação em saúde” contou com Sandro Marques (Stanford Univ), Ana Estela Haddad (FO/USP), Paula Xavier (Fiocruz/RJ), Sidarta Ribeiro (UFRN; Fiocruz), Samuel Moysés (UFPR) e Marco Akerman (FSP/USP). Marques destacou a importância de uma governança ética de dados e de regulamentações que favoreçam a inovação sem comprometer a privacidade.

Ana Estela apresentou o Programa SUS Digital, que visa ampliar o acesso da população aos serviços e integrar informações de forma eficiente e segura. Paula Xavier detalhou o processo de digitalização do DATASUS e os desafios para garantir interoperabilidade. Sidarta Ribeiro alertou para o risco de “reduzir pessoas a dados” e defendeu uma saúde digital que valorize saberes tradicionais. Já Samuel Moysés refletiu sobre a “metapresencialidade”, a coexistência entre o físico e o virtual, e Akerman destacou que a equidade e o controle social devem orientar as políticas digitais.

À tarde, o painel de encerramento “Saúde Digital e Saúde Coletiva: desafios para a transformação digital do SUS” reuniu Sonia Fleury (Fiocruz/RJ), Marcelo D’Agostino (OPAS), Marcelo Fornazin (Fiocruz/RJ), Reinaldo Guimarães (NUBEA/UFRJ) e Francisco Campos (UNASUS). Fleury defendeu a renovação permanente da Reforma Sanitária diante da digitalização e das crises globais.

D’Agostino abordou as oportunidades da transformação digital nas Américas e destacou a importância de políticas que garantam privacidade e acesso universal. Fornazin revisitou a trajetória da saúde digital no Brasil e ressaltou a importância da interoperabilidade e da governança. Guimarães analisou o papel da Big Pharma na digitalização e alertou para os riscos de concentração de poder. Já Francisco Campos destacou a educação como eixo estratégico, defendendo a formação contínua de profissionais capazes de lidar com as novas tecnologias sem perder de vista o compromisso público.

Encerrando o ciclo de debates, o Simpósio consolidou-se como um marco na reflexão crítica sobre a saúde digital, reafirmando o compromisso coletivo com uma transformação tecnológica ética, inclusiva e guiada pelos princípios da saúde coletiva e do SUS.