Na última sexta-feira (11), o Saúde Coletiva em Debate propôs uma reflexão crítica sobre os limites dos modelos hegemônicos de cuidado, a partir da apresentação dos resultados do estudo “Desnortear sentidos para aprofundar processos antimanicoloniais: praxiografia do cuidado em saúde mental na comunidade quilombola Engenho da Ponte, Cachoeira – BA”, desenvolvido pelo professor Gustavo Menezes (ISC/UFBA).
Com coordenação da professora Yeimi López (ISC/UFBA), a sessão trouxe à tona experiências de cuidado ancoradas na ancestralidade, no território e na coletividade, desafiando paradigmas biomédicos e reafirmando o compromisso com práticas antimanicoloniais no campo da saúde mental.
Baseado em uma imersão etnográfica entre 2020 e 2024, o estudo adota uma abordagem praxiográfica do cuidado em saúde mental — centrada na escuta, na convivência e na descrição das práticas locais. Inserida em uma perspectiva antimanicolonial, a pesquisa reafirma que a construção de uma saúde mental plural exige o enfrentamento ao racismo estrutural e a valorização dos saberes ancestrais.
Na comunidade do Engenho da Ponte, o cuidado é coletivo, vinculado à espiritualidade, ao território e à luta por direitos. Mais do que um ato individual, esse cuidado se expressa em rituais, relações com a natureza e saberes transmitidos entre gerações. Tais práticas compõem o que o pesquisador denomina “clínica das encruzilhadas” — um espaço simbólico onde diferentes formas de cura e resistência se encontram.
A pesquisa também destacou os impactos do racismo ambiental, como a contaminação das águas do rio Paraguaçu, e os efeitos disso sobre a saúde mental da comunidade. Em resposta, surgem alternativas coletivas de cuidado, como o fortalecimento da juventude quilombola, práticas agroecológicas e a espiritualidade como força de pertencimento e reconstrução.
A íntegra do seminário está disponível no canal do ISC no YouTube (link acima). O vídeo é acessível na Língua Brasileira de Sinais (Libras).






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