Autora: Ana Flávia Nery
O primeiro dia do Congresso Interno do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA foi marcado por um debate especial em comemoração aos 15 anos da Graduação em Saúde Coletiva. O painel “O ISC e a Graduação em Saúde Coletiva: o desafio de desenvolver uma formação inovadora e dedicada ao SUS” propôs reflexões cruciais sobre a história e os obstáculos na formação de sanitaristas no Instituto. Mediado pela professora Marcele Paim, o painel contou com as contribuições da professora Liliana Santos, do egresso Matheus Pedreira e da graduanda Juliana Soares.
A professora Liliana Santos, ex-coordenadora da graduação e professora do ISC, iniciou a discussão ressaltando a importância de uma formação que atenda às demandas do SUS e promova transformações sociais. Ela revisitou a trajetória da graduação em saúde coletiva no Brasil, destacando o papel pioneiro do ISC nesse cenário. Liliana destacou o compromisso do instituto em formar profissionais críticos e bem preparados, desde a fundação do curso em 2009 até as questões atuais, como a integração com os serviços de saúde e a inovação curricular.
Liliana também falou sobre a importância de maior reconhecimento da profissão e defendeu a recente regulamentação do cargo de sanitarista. Ademais, Liliana discutiu os obstáculos que os estudantes enfrentam, especialmente aqueles que tentam conciliar o trabalho e os estudos à noite, e enfatizou a relevância de um currículo que reflita a realidade dos serviços de saúde e valorize a participação ativa dos alunos.
Matheus Pedreira, sanitarista e ex-aluno do curso, apresentou uma visão prática sobre a inserção dos graduados no mercado de trabalho. Ele compartilhou suas reflexões sobre a graduação e sua importância no âmbito da formação coletiva, ressaltando que a graduação é um espaço para a construção de um trabalho em rede.
Matheus também lembrou que, ao longo dos anos, a graduação em Saúde Coletiva permitiu o acesso ao ensino superior para diversos grupos, como trabalhadores, mulheres, negros, quilombolas, indígenas e ribeirinhos. Ele enfatizou a importância de integrar as experiências e saberes desses estudantes no processo formativo, abordando temas como emergências climáticas, racismo e violência social.
Em sua fala, Matheus destacou as constantes lutas enfrentadas durante a graduação e a importância do movimento estudantil na construção de uma formação crítica e engajada. Ele concluiu ressaltando a necessidade de novas pesquisas para entender os impactos da recente regulamentação da profissão e o progresso da inserção desses profissionais no mercado de trabalho.
Representando os estudantes, Juliana Soares compartilhou sua trajetória desde a entrada no curso de saúde coletiva em 2019. Ela refletiu sobre como a recente crise sanitária mundial evidenciou a importância da saúde pública na nossa sociedade e o papel fundamental dos sanitaristas. A estudante expressou seu orgulho pela formação que recebeu e sua capacitação para atuar na área. Embora ainda não atue diretamente com saúde coletiva, ela afirmou que aplica os princípios da área em seu trabalho.
Juliana também observou mudanças significativas no perfil dos estudantes ao longo dos anos, ressaltando a força do movimento estudantil e sua importância na política e na prática da saúde coletiva. Ela destacou com entusiasmo o envolvimento dos novos alunos e a energia que trazem para as práticas, reconhecendo o impacto positivo que isso tem na formação e na construção de uma profissão comprometida com a justiça social.
O painel enfatizou a importância da articulação entre a graduação e a pós-graduação, além da necessidade de aproximar a formação acadêmica da produção de conhecimento. A trajetória do curso no ISC, com 15 anos de história, foi apontada por todos como um processo de constante reinvenção e adaptação às demandas do SUS e da sociedade.
O evento, que faz parte das comemorações dos 30 anos do ISC, reforçou o papel essencial da graduação em saúde coletiva na formação de sanitaristas comprometidos com a melhoria da saúde pública no Brasil. Os palestrantes destacaram que o desafio agora é continuar inovando, fortalecendo a conexão com os territórios e expandindo a atuação dos profissionais formados pelo curso.
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