[:pb]A Academia de Ciências da Bahia (ACB) elegeu três professoras do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA para compor o quadro de membros da entidade. Indicadas ao grupo Ciências da Vida, as pesquisadoras Inês Dourado, Vilma Santana e Dandara Ramos foram escolhidas pelas contribuições científicas ao longo de suas carreiras e relevância das pesquisas nas respectivas áreas de atuação.
As informações sobre a solenidade de posse serão divulgadas posteriormente. Além das novas integrantes, o corpo docente do ISC/UFBA também é representado na ACB pelos pesquisadores membros Estela Aquino, Glória Teixeira, Maurício Barreto, Naomar de Almeida Filho e Guilherme de Sousa Ribeiro.
Fundada em 17 de setembro de 2010, em Salvador, a Academia de Ciências da Bahia tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, fomentando a ligação entre os setores acadêmico, produtivo e governamental do estado. A entidade busca estimular a formação de pesquisadores nas referidas áreas, com destaque para ideias inovadoras e que promovam a inclusão social.
Inês Dourado: pesquisas multicêntricas sobre o HIV/aids
Com importantes trabalhos nas áreas de epidemiologia e prevenção do HIV/aids, a professora Inês Dourado coordena e desenvolve pesquisas multicêntricas sobre os diversos aspectos da epidemia do HIV, principalmente entre as chamadas populações-chaves: gays, homens que fazem sexo com homens (HSH), mulheres profissionais do sexo, travestis e mulheres transexuais.
É graduada em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (1981), com mestrado em Saúde Pública pela Universidade de Massachusetts (1984), e doutorado em Epidemiologia pela Escola de Saúde Pública da Universidade da Califórnia em Los Angeles – UCLA (1993).
Atualmente, é representante internacional do PrEP1519, um projeto que tem como objetivo demonstrar a efetividade da Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP) entre adolescentes gays, homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans, de 15 a 19 anos, nas cidades de Salvador, São Paulo e Belo Horizonte, sendo a investigadora principal do projeto na capital baiana.
Inês Dourado é também a coordenadora no Brasil do estudo “DSAIDS – Determinantes Sociais do HIV/AIDS”, cujo objetivo é avaliar os efeitos dos determinantes socioeconômicos, programas de transferência de renda e da atenção primária à saúde na incidência, prevalência, hospitalização, adesão ao tratamento e mortalidade por HIV/aids.
Vilma Santana: um olhar sobre a saúde do trabalhador
Vilma Santana atua especialmente na área de Epidemiologia da Saúde do Trabalhador, desenvolvendo pesquisas sobre determinantes da saúde no trabalho, acidentes laborais, emprego em serviços domésticos e construção civil, trabalho da criança e do adolescente, avaliação de programas, custos com agravos ocupacionais à saúde, discriminação racial, segurança e saúde dos trabalhadores.
É graduada em Medicina (1974), com mestrado em Saúde Pública (1978) pela Universidade Federal da Bahia. Obteve o título de Ph.D. em Epidemiologia pela Universidade da Carolina do Norte (1993), onde também realizou pós-doutorado em Epidemiologia Ocupacional (1998).
O mais recente projeto da professora Vilma Santana envolve as consequências da exposição ao asbesto/amianto no Brasil, um projeto de grande porte, com apoio do Ministério Público da Saúde de Campinas e do Ministério do Trabalho, que acompanhará 375 mil trabalhadores por 30 anos seguidos.
É também coordenadora do Programa Integrado em Saúde Ambiental e do Trabalhador (PISAT) do ISC/UFBA, com ações de pesquisa, ensino e cooperação técnica. Em maio deste ano, tomou posse como membro titular da cadeira número 4 da Academia de Medicina da Bahia (AMB).
Dandara Ramos: mulher, negra, jovem e cientista
Eleita para o grupo Júnior da Academia de Ciências da Bahia, Dandara Ramos tornou-se professora adjunta do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA) em 2019. Atua especialmente no campo das pesquisas quantitativas usando Big Data para investigar os impactos e as relações entre os determinantes sociais e as políticas públicas sobre a saúde da criança e do adolescente.
É graduada em Psicologia (2009), mestre em Psicologia Social (2012) e doutora em Saúde Coletiva (2017) pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Desde 2017, é pesquisadora associada do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).
Entre os trabalhos mais recentes, destaque para os estudos “Racismo e COVID-19 no Brasil: o que aprendemos com os dados (ou a falta deles)?” e “Intersecção de raça e gênero em autorrelatos de experiências violentas e polivitimização de meninas no Brasil”. Os trabalhos foram premiados no “Simpósio de Saúde da População: Racismo e Saúde”, evento promovido pela Universidade Drexel (Estados Unidos) em abril deste ano.
“Ainda tenho um longo caminho pela frente, mas receber esse reconhecimento tão cedo em minha carreira é uma grande alegria e motivação para seguir adiante”, destaca a pesquisadora.
Mulher, negra e de origem periférica, Dandara Ramos também aponta a importância das políticas públicas para o êxito da trajetória acadêmica. “Fui cotista, aluna de universidade pública, bolsista permanência na graduação, e bolsista Capes e CNPq no mestrado e doutorado. Espero que minha trajetória possa encorajar outras meninas que vieram de onde eu vim a encontrarem seu espaço na ciência”, conclui.[:]