O pesquisador Maurício Barreto, professor emérito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), recebeu a mais alta honraria concedida aos cientistas brasileiros: a Medalha Nacional do Mérito Científico. A condecoração foi entregue pessoalmente pelo presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, e pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em cerimônia realizada na última quarta-feira (12), no Palácio do Planalto.

“A Ordem é importante porque é ligada a um sistema público e é uma forma de reconhecimento à atividade científica no país. Ganhar a Medalha tem uma importância pessoal, da trajetória como pesquisador, ter isso reconhecido. Mas eu queria enfatizar o momento, extremamente importante e oportuno. Porque, com o novo governo, se inicia e se retoma, de forma intensa, a atividade científica no país. A medalha, a solenidade e o contexto em que essa medalha aconteceu, sem dúvida nenhuma, foram únicos, o que tornou, simbolicamente, ainda mais importante a recepção dela”, afirmou Barreto.

Em seu discurso, o presidente Lula destacou a importância da ciência para o progresso do país e reiterou o compromisso de fomentar as diversas áreas do conhecimento. “É nesse momento histórico que a ciência se faz mais necessária para o futuro do Brasil. O futuro da humanidade só será garantido a partir de novas ideias, de novas tecnologias, de muito mais ciência”, defendeu.

Antes de homenagear os representantes da comunidade científica, o presidente também assinou um decreto convocando a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, programada para ocorrer em junho de 2024, após um intervalo de 14 anos. O evento marcou ainda a recomposição do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT).

A condecoração a pesquisadores e cientistas teve um simbolismo especial, com a entrega das medalhas da Ordem Nacional do Mérito Científico à médica sanitarista Adele Benzaken e ao infectologista Marcus Vinícius Lacerda, revogadas pelo governo passado, em 2021. À época, outros 21 cientistas renunciaram à honraria como forma de protesto.

Trajetória de Maurício Barreto

Foto: Lucas Moitinho/ASCOM UFBA

Maurício Barreto foi honrado na classe de comendador, em reconhecimento ao seu notável trabalho e contribuições no campo da Epidemiologia. A trajetória do pesquisador é marcada pela militância na defesa da Reforma Sanitária Brasileira e do Sistema Único de Saúde (SUS). Foi também um dos principais articuladores no processo de criação do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, fundado em 1994.

Médico e professor da universidade há quase quatro décadas, é professor permanente do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do ISC/UFBA e coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), onde lidera importantes pesquisas na área de epidemiologia.

A produção científica de Maurício Barreto pode ser traduzida em mais de 500 publicações, entre livros e artigos em periódicos nacionais e internacionais.