[:pb]Com informações de Cristina Indio do Brasil, da Agência Brasil
Novo tratamento contra a leishmaniose vem sendo testado pelo Centro de Referência em Leishmaniose Dr. Jackson Maurício Lopes Costa, no distrito Corte de Pedra, em Presidente Tancredo Neves, na Bahia. A partir do ano que vem começa a terceira fase dos testes, feitos em parceria com o Hospital Universitário Júlio Muller, de Cuiabá, em Mato Grosso.
O programa faz parte da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos.
O objetivo é testar o tratamento que combina uma sessão única de terapia de calor a 50 graus com a ingestão, durante 21 dias, de um comprimido do medicamento Miltefosina, usado nos tratamentos da leishmaniose e das infeções por amebas de vida livre. O fármaco é eficaz no tratamento da leishmaniose nas formas cutânea, mucocutânea e visceral.
Os resultados mostraram que a combinação apresenta uma taxa de aproximadamente 80% de cura, sendo mais eficaz do que a aplicação de calor e de injeções de antimoniato de meglubina, feitos em separado.
Na fase 3, os centros brasileiros vão atuar em conjunto com laboratórios da Bolívia, do Peru e do Panamá. Essa etapa complementa o estudo, que reúne pesquisadores do Peru e da Colômbia. O projeto foi desenvolvido com 130 pacientes para tratar a leishmaniose cutânea.
O resultado foi apresentado pela primeira vez no Congresso Brasileiro de Medicina Tropical, ChagaLeish e Parasitologia, pelo diretor do programa Byron Arana, em Belo Horizonte (MG). Segundo o pesquisador, os estudos começaram há três anos e o tratamento dá mais segurança aos pacientes com taxas mais elevadas de cura.
Combinação perfeita
“Foi aprovado para a Colômbia e o Peru um protocolo para a inclusão de um grupo relativamente pequeno de pacientes nos estudos, de 130 pessoas, divididas em dois grupos de trartamento. Um deles recebeu somente a termoterapia e o outro, a termoterapia e o medicamento miltefosina. O que encontramos foi que a combinação é muito mais efetiva do que somente a terapia de calor”, disse Arana à Agência Brasil.
Segundo o pesquisador, o tratamento também traz mais conforto para o paciente, uma vez que não precisam ir às unidades de saúde para a aplicação de injeções.Também não foram registrados efeitos colaterais. “São 20 dias de tratamento injetável”, informou a gerente de pesquisas clínicas da DNDi, Marina Boni.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde da Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), as leishmanioses são doenças de transmissão vetorial e integram o grupo de doenças infecciosas negligenciadas. São consideradas assim por se disseminarem em regiões mais pobres e atingirem populações mais vulneráveis, que sofrem com dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
Embora haja registros em várias partes do mundo, a maioria dos casos ocorre na África, na Ásia e nas Américas.
“A OMS calcula existam entre 600 mil a 1,9 milhão de novos casos a cada ano. É um problema que afeta com mais frequência as populações migrantes. No momento atual, o problema é sério na Síria, em consequência da guerra; no Paquistão, com migrantes em áreas de conflito; e em países da América Latina, como o Brasil, que reporta aproximadamente cerca de 17 mil novos casos por ano. É um país que contribui com 70%, 80% dos casos da América Latina”, destacou.
“Existe uma tremenda preocupação nos países, porque a enfermidade a cada ano está reportando mais e mais casos. Todos estão preocupados, mas não há muito o que fazer, porque o medicamento que seguimos utilizando está velho”, ressaltou. Ele acrescentou que há pouco apoio para o desenvolvimento dos tratamentos.
O pesquisador alertou ainda para a segregação que muitos pacientes enfrentam por causa das feridas na pele. “É uma carga mental que a enfermidade causa. Nos últimos anos começou a se quantificar o problema de maneira mais sistemática. Anteriormente, nada se anotava e não se sabia o quanto isso representa. Hoje já existem estudos em mulheres e crianças mostrando o impacto na qualidade de vida deles”, observou.
Brasil
A gerente de pesquisas clínicas da DNDi, Marina Boni, disse que a intenção de incluir os centros brasileiros na fase 3 dos estudos é mudar as vias de recomendação do tratamento no Brasil, que passaria a ser menos longo e menos tóxico.
“Atualmente, a doença ainda é tratada com medicamentos muito antigos, longos e injetáveis,de 40 a 60 anos atrás. Com os novos estudos, queremos trazer evidência científica de eficácia que vai se traduzir em qualidade de vida para os pacientes negligenciados”, disse à Agência Brasil.
Segundo a pesquisadora, as regiões Nordeste e Centro-Oeste são as mais endêmicas no Brasil.
Marina Boni chamou atenção de que, para se obter notificações mais realistas, é preciso seguir o que se chama de boas práticas clínicas. “Temos centros como o de Cuiabá, que recebe pacientes de toda a região. Então, precisamos de investigadores que sigam as regras de boas práticas clínicas”, afirmou, lembrando que o paciente de leishmaniose cutânea pode ter a cura da lesão na pele, mas como vai permanecer com parasitas circulantes no organismo, não se descarta a volta das úlceras cutâneas e até evolução para as mucosas.
Américas
Segundo a OMS, as leishmanioses estão presentes em 18 países das Américas e a forma clínica mais comum é a leishmaniose cutânea (LC). Entre 2001 e 2017, houve um total de 940.396 casos novos de leishmaniose cutânea (LC) e mucosa (LM) que foram reportados por 17 dos 18 países endêmicos dessa região, com uma média anual de 55.317 casos.
Em 2017, a Organização Pan-Americana da Saúde (SisLeish – OPAS/OMS) relatou 49.959 casos em 17 países endêmicos, uma vez que a Guiana Francesa reporta os dados para a França.[:en]With information from Cristina Indio do Brasil, from Agência Brasil
New treatment against leishmaniasis has been tested by Dr. Jackson Mauricio Lopes Costa’s Leishmaniasis Reference Center in the Corte de Pedra district of Presidente Tancredo Neves, Bahia. From next year begins the third phase of the tests, made in partnership with the University Hospital Júlio Muller, Cuiabá, Mato Grosso.
The program is part of the Medicines for Neglected Diseases (DNDi) initiative, a nonprofit drug research and development organization.
The goal is to test the treatment that combines a single 50 degree heat therapy session with a 21-day intake of one pill of the drug Miltefosine, used to treat leishmaniasis and free-living amoeba infections. The drug is effective in treating cutaneous, mucocutaneous and visceral leishmaniasis.
The results showed that the combination has a cure rate of approximately 80% and is more effective than heat and meglubin antimoniate injections separately.
In phase 3, the Brazilian centers will work in conjunction with laboratories in Bolivia, Peru and Panama. This step complements the study, which brings together researchers from Peru and Colombia. The project was developed with 130 patients to treat cutaneous leishmaniasis.
The result was first presented at the Brazilian Congress of Tropical Medicine, ChagaLeish and Parasitology, by the program director Byron Arana, in Belo Horizonte (MG). According to the researcher, the studies began three years ago and the treatment gives more security to patients with higher cure rates.
Perfect combination
“A protocol was approved for Colombia and Peru to include a relatively small group of patients in the studies, 130 people, divided into two treatment groups. One received only thermotherapy and the other received thermotherapy and miltefosine. What we found was that the combination is much more effective than just heat therapy, ”Arana told Agência Brasil.
According to the researcher, the treatment also brings more comfort to the patient, since they do not need to go to health facilities for injections. There were also no side effects. “It’s 20 days of injectable treatment,” said DNDi clinical research manager Marina Boni.
According to the Pan American Health Organization of the World Health Organization (PAHO / WHO), leishmaniasis are vector-borne diseases and are part of the neglected infectious disease group. They are considered as such because they spread in poorer regions and reach more vulnerable populations, which suffer from difficulties in accessing health services.
Although there are records in many parts of the world, most cases occur in Africa, Asia and the Americas.
“WHO estimates there are between 600,000 and 1.9 million new cases each year. It is a problem that most often affects migrant populations. At present the problem is serious in Syria as a result of the war; in Pakistan, with migrants in conflict areas; and in Latin American countries, such as Brazil, which reports approximately 17,000 new cases per year. It is a country that contributes 70%, 80% of cases in Latin America, ”he said.
“There is tremendous concern in countries, because the disease is reporting more and more cases each year. Everyone is worried, but there is not much to do, because the medicine we are using is old, ”he said. He added that there is little support for the development of treatments.
The researcher also warned of the segregation that many patients face because of skin wounds. “It is a mental burden that the disease causes. In recent years the problem has begun to be quantified more systematically. Previously, nothing was noted and it was not known how much this represents. Today there are already studies in women and children showing the impact on their quality of life, ”he noted.
Brazil
DNDi clinical research manager Marina Boni said that the intention to include Brazilian centers in phase 3 of the studies is to change the treatment recommendation pathways in Brazil, which would be less long and less toxic.
“Currently, the disease is still treated with very old, long and injectable medicines from 40 to 60 years ago. With the new studies, we want to bring scientific evidence of efficacy that will translate into quality of life for neglected patients, ”he told Agência Brasil.
According to the researcher, the Northeast and Midwest regions are the most endemic in Brazil.
Marina Boni pointed out that in order to get more realistic notifications, one has to follow what is called good clinical practice. “We have centers like Cuiabá, which receives patients from all over the region. So we need researchers to follow the rules of good clinical practice, ”he said, noting that the patient with cutaneous leishmaniasis may have a cure for the skin lesion, but as it will remain with circulating parasites in the body, the ulcers cannot be ruled out. and even evolution to the mucous membranes.
Americas
According to WHO, leishmaniasis is present in 18 countries of the Americas and the most common clinical form is cutaneous leishmaniasis (LC). Between 2001 and 2017, there were a total of 940,396 new cases of cutaneous leishmaniasis (LC) and mucosa (ML) that were reported by 17 of the 18 endemic countries in this region, with an annual average of 55,317 cases.
In 2017, the Pan American Health Organization (SisLeish – PAHO / WHO) reported 49,959 cases in 17 endemic countries, as French Guiana reports data to France.[:es]Con información de Cristina Indio do Brasil, de Agência Brasil
El Centro de Referencia de Leishmaniasis del Dr. Jackson Mauricio Lopes Costa ha probado un nuevo tratamiento contra la leishmaniasis en el distrito Corte de Pedra del Presidente Tancredo Neves, Bahía. A partir del próximo año comienza la tercera fase de las pruebas, realizadas en colaboración con el Hospital Universitario Júlio Muller, Cuiabá, Mato Grosso.
El programa es parte de la iniciativa Medicines for Neglected Diseases (DNDi), una organización de investigación y desarrollo de drogas sin fines de lucro.
El objetivo es probar el tratamiento que combina una sola sesión de terapia de calor de 50 grados con una ingesta de 21 días de una píldora del medicamento Miltefosine, utilizado para tratar la leishmaniasis y las infecciones por amebas de vida libre. El medicamento es efectivo en el tratamiento de la leishmaniasis cutánea, mucocutánea y visceral.
Los resultados mostraron que la combinación tiene una tasa de curación de aproximadamente 80% y es más efectiva que las inyecciones de calor y antimonio de meglubina por separado.
En la fase 3, los centros brasileños trabajarán en conjunto con laboratorios en Bolivia, Perú y Panamá. Este paso complementa el estudio, que reúne a investigadores de Perú y Colombia. El proyecto se desarrolló con 130 pacientes para tratar la leishmaniasis cutánea.
El resultado fue presentado por primera vez en el Congreso Brasileño de Medicina Tropical, ChagaLeish y Parasitología, por el director del programa, Byron Arana, en Belo Horizonte (MG). Según el investigador, los estudios comenzaron hace tres años y el tratamiento brinda más seguridad a los pacientes con mayores tasas de curación.
Combinación perfecta
“Se aprobó un protocolo para Colombia y Perú para incluir un grupo relativamente pequeño de pacientes en los estudios, 130 personas, divididos en dos grupos de tratamiento. Uno recibió solo termoterapia y el otro recibió termoterapia y miltefosina. Lo que descubrimos fue que la combinación es mucho más efectiva que solo la terapia de calor ”, dijo Arana a Agência Brasil.
Según el investigador, el tratamiento también brinda más comodidad al paciente, ya que no es necesario que vayan a las instalaciones de salud para recibir inyecciones y tampoco hubo efectos secundarios. “Son 20 días de tratamiento inyectable”, dijo Marina Boni, gerente de investigación clínica de DNDi.
Según la Organización Panamericana de la Salud de la Organización Mundial de la Salud (OPS / OMS), la leishmaniasis son enfermedades transmitidas por vectores y son parte del grupo de enfermedades infecciosas desatendidas. Se consideran como tales porque se extienden en las regiones más pobres y llegan a poblaciones más vulnerables, que sufren dificultades para acceder a los servicios de salud.
Aunque existen registros en muchas partes del mundo, la mayoría de los casos ocurren en África, Asia y las Américas.
“La OMS estima que hay entre 600,000 y 1.9 millones de casos nuevos cada año. Es un problema que afecta con mayor frecuencia a las poblaciones migrantes. En la actualidad, el problema es grave en Siria como resultado de la guerra; en Pakistán, con migrantes en zonas de conflicto; y en países de América Latina, como Brasil, que informa aproximadamente 17,000 nuevos casos por año. Es un país que aporta el 70%, el 80% de los casos en América Latina ”, dijo.
“Existe una gran preocupación en los países, porque la enfermedad informa cada vez más casos cada año. Todos están preocupados, pero no hay mucho que hacer, porque el medicamento que estamos usando es viejo ”, dijo. Agregó que hay poco apoyo para el desarrollo de tratamientos.
El investigador también advirtió sobre la segregación que enfrentan muchos pacientes debido a heridas en la piel. “Es una carga mental que causa la enfermedad. En los últimos años, el problema ha comenzado a cuantificarse de manera más sistemática. Anteriormente, no se observaba nada y no se sabía cuánto representa esto. Hoy ya hay estudios en mujeres y niños que muestran el impacto en su calidad de vida ”, señaló.
Brasil
La directora de investigación clínica de DNDi, Marina Boni, dijo que la intención de incluir centros brasileños en la fase 3 de los estudios es cambiar las vías de recomendación de tratamiento en Brasil, que serían menos largas y menos tóxicas.
“Actualmente, la enfermedad todavía se trata con medicamentos muy viejos, largos e inyectables de hace 40 a 60 años. Con los nuevos estudios, queremos aportar evidencia científica de eficacia que se traducirá en calidad de vida para los pacientes desatendidos ”, dijo a Agência Brasil.
Según el investigador, las regiones del noreste y medio oeste son las más endémicas de Brasil.
Marina Boni señaló que para obtener notificaciones más realistas, hay que seguir lo que se llama buena práctica clínica. “Tenemos centros como Cuiabá, que recibe pacientes de toda la región. Por lo tanto, necesitamos investigadores que sigan las reglas de la buena práctica clínica ”, dijo, y señaló que el paciente con leishmaniasis cutánea puede tener una cura para la lesión de la piel, pero como permanecerá con parásitos circulantes en el cuerpo, no se pueden descartar las úlceras. e incluso la evolución a las membranas mucosas.
Américas
Según la OMS, la leishmaniasis está presente en 18 países de las Américas y la forma clínica más común es la leishmaniasis cutánea (LC). Entre 2001 y 2017, hubo un total de 940,396 casos nuevos de leishmaniasis cutánea (LC) y mucosa (ML) reportados por 17 de los 18 países endémicos en esta región, con un promedio anual de 55,317 casos.
En 2017, la Organización Panamericana de la Salud (SisLeish – OPS / OMS) reportó 49,959 casos en 17 países endémicos, ya que la Guayana Francesa informa datos a Francia.
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