As desigualdades étnico-raciais representam um dos maiores desafios para a garantia do acesso universal ao direito à saúde, especialmente em países da América Latina e Caribe. O Brasil tem sido historicamente líder nas iniciativas de combate às iniquidades raciais na saúde nessas regiões, com uma contribuição significativa do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA) na construção desse debate.
Entre as participações mais recentes, destaque para o “Encontro Regional: abordando as desigualdades étnico-raciais em saúde”, realizado entre os dias 3 e 5 de julho, em Brasília/DF. O evento foi promovido pela Organização Pan-americana de Saúde/OPAS-OMS e o Ministério da Saúde do Brasil, e contou com a presença de representantes dos governos e da sociedade civil de 28 países.
Na ocasião, o Instituto de Saúde Coletiva da UFBA foi representado pelos doutorandos Mateus Brito, presente ativamente nas mesas de discussão, e Taíres dos Santos, integrante da equipe organizadora do evento. Além dos nossos pesquisadores, a delegação brasileira da sociedade civil foi composta por um conjunto de movimentos negros, quilombolas e indígenas, incluindo o Coletivo Nacional de Saúde Quilombola (CONAQ), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), o Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (FONATRANS), a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO), o Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) e a Articulação Nacional do Hip-Hop.
Seguindo essa mesma agenda, anteriormente, entre os dias 11 e 14 de junho, a cidade de Bogotá, na Colômbia, sediou o 1º Encontro de Afrodescendentes da América Latina e Caribe. Organizado pela Coalizão de Afrodescendentes da América Latina e Caribe, o encontro reuniu representantes dos movimentos afrodescendentes e dos governos de 22 países da região. O Brasil foi representado por membros do governo federal e por ativistas do CONAQ e das Quebradeiras de Coco Babaçu.
Em ambos os eventos, o pesquisador Mateus Brito (ISC/UFBA), que também é ativista quilombola do CONAQ, integrou mesas de debate e contribuiu principalmente em temas relacionados aos pontos fundamentais para o avanço na implementação da Política de Etnicidade e Saúde da OPAS/OMS, bem como na definição de estratégias de enfrentamento às desigualdades étnico-raciais em saúde, com foco especial nas comunidades quilombolas e afrodescendentes da América Latina e Caribe.
Esses eventos representam uma série de esforços produzidos no sentido de buscar estratégias de enfrentamento ao racismo na saúde, priorizando a construção de ações conjuntas entre as Organizações da Sociedade Civil (OSC) e os governos dos Estados da região, na formulação e implementação de políticas de saúde voltadas à promoção da equidade racial e de gênero, garantindo a participação popular em todo o processo.