[:pb]Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), nenhuma das nove vacinas obrigatórias para crianças de até um ano de idade conseguiu atingir a meta de vacinação no Brasil em 2019. Uma pesquisa encomendada e financiada pelo Ministério da Saúde pode ajudar a entender as razões para a queda da cobertura vacinal nos últimos anos. O estudo é coordenado pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) em Salvador e mais três capitais: São Paulo, Goiânia e Manaus.
A pesquisa “Estudos de Cobertura Vacinal de Crianças nascidas em 2017 nas Capitais Brasileiras” avalia a cobertura de todas as vacinas infantis que integram o Calendário Nacional de Vacinação. Em Salvador, a meta é coletar dados de 2 mil crianças em um prazo de 60 dias. Até o momento, cerca de 200 famílias já participaram do estudo.
“A irregularidade da cobertura vacinal tem evidenciado o ressurgimento de algumas doenças imunopreveníveis em nosso país, a exemplo do sarampo, além de aumentar o risco para outras doenças como a poliomielite (paralisia infantil), rubéola e difteria”, alerta a professora Glória Teixeira, que coordena o estudo pelo ISC.
A pesquisa domiciliar abrange diversos bairros da capital baiana e é realizada por uma empresa especializa sob supervisão do Instituto. Durante as entrevistas, os pais/responsáveis respondem a um questionário sobre as vacinas já aplicadas na criança e o motivo para a ausência daquelas ainda não realizadas. Os entrevistadores também fotografam o Cartão de Vacinação para registrar os dados apurados.
O estudo foi iniciado em março deste ano, antes da pandemia de Covid-19, e retomado na semana passada, com a adoção de medidas de proteção para os profissionais e pessoas entrevistadas. Durante as visitas nas residências, todos os entrevistadores fazem uso de máscaras, protetor facial e seguem o protocolo sanitário de higienização.
Dados preocupantes
Em 2019, 85,1% das crianças brasileiras receberam a dose da BCG, vacina que protege os recém-nascidos contra a tuberculose. Foi a primeira vez, em 25 anos, que a adesão à vacina ficou abaixo da meta de 90% no Brasil. Os dados coletados são do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.
“A queda da cobertura vacinal pode estar relacionada a diversos fatores, como dificuldade de acesso às salas de vacinação, impossibilidade dos pais ou cuidadores em buscar os serviços de saúde nos dias úteis, ou até mesmo a recusa dos responsáveis pela criança em vaciná-las”, observa a professora Glória Teixeira.
O levantamento aponta ainda que 75,7% das crianças baianas receberam a vacina no ano passado, também abaixo da meta de 90%. Em dez anos, a queda da cobertura da BCG foi de 29% na Bahia (2009-2019). Em Salvador, apenas 69,1% das crianças receberam a dose em 2019. Nos últimos dez anos, a queda na cobertura da BCG no município chega a 40% (2009-2019).
As metas também não foram alcançadas em nenhuma das demais vacinas do calendário básico (Rotavírus, Meningocócica C, Pentavalente, Pneumocócica, Poliomielite, Febre Amarela, Tríplice Viral e Hepatite A). Na Bahia e em Salvador, a adesão mais baixa foi registrada em relação à Febre Amarela: 64,8% das crianças receberam a vacina no estado; no município, 60,75%. No entanto, a meta para essa vacina é de 100% de acordo com o Ministério da Saúde.
“Até 2015, a média de cobertura das principais vacinas indicadas ao público infantil esteve acima da meta. Nos anos seguintes, esse percentual vem decrescendo gradualmente em todo o país, inclusive no estado da Bahia e no município de Salvador”, destaca Ramon Saavedra, pesquisador do ISC/UFBA.
Segundo ele, os índices de coberturas vacinais refletem, direta ou indiretamente, a adesão da população ao programa regular de vacinação, a existência de pessoas vivendo sob risco de doenças imunopreveníveis, além da efetividade dos serviços.
“Esse monitoramento representa um importante instrumento de planejamento, análise e avaliação, e deve ser implementado de forma contínua no sentido de instrumentalizar a tomada de decisão nos diferentes níveis de gestão”, conclui.[:en]According to data from the National Immunization Program (PNI), none of the nine mandatory vaccines for children up to one year of age managed to reach the vaccination target in Brazil in 2019. Research commissioned and funded by the Ministry of Health can help to understand the reasons the drop in vaccination coverage in recent years. The study is coordinated by the Institute of Collective Health of the Federal University of Bahia (ISC / UFBA) in Salvador and three other capitals: São Paulo, Goiânia and Manaus.
The research “Studies on Vaccine Coverage of Children born in 2017 in Brazilian Capitals ” assesses the coverage of all childhood vaccines that are part of the National Vaccination Calendar. In Salvador, the goal is to collect data from 2,000 children within 60 days. To date, about 200 families have participated in the study.
“The irregularity of vaccination coverage has shown the resurgence of some immunopreventable diseases in our country, such as measles, in addition to increasing the risk for other diseases such as polio (childhood paralysis), rubella and diphtheria”, warns Professor Glória Teixeira, who coordinates the study by ISC.
The household survey covers several neighborhoods in the capital of Bahia and is carried out by a specialized company under the supervision of the Institute. During the interviews, the parents / guardians answer a questionnaire about the vaccines already applied to the child and the reason for the absence of those that have not yet been carried out. Interviewers also photograph the Vaccination Card to record the data collected.
The study started in March this year, before the Covid-19 pandemic, and resumed last week, with the adoption of protective measures for the professionals and people interviewed. During home visits, all interviewers use masks, facial protectors and follow the sanitary hygiene protocol.
Concerning data
In 2019, 85.1% of Brazilian children received a dose of BCG, a vaccine that protects newborns against tuberculosis. It was the first time in 25 years that adherence to the vaccine was below the 90% target in Brazil. The data collected are from the National Immunization Program (PNI) of the Ministry of Health.
“The drop in vaccination coverage may be related to several factors, such as difficulty in accessing vaccination rooms, the impossibility of parents or caregivers to seek health services on weekdays, or even the refusal of those responsible for the child to vaccinate them. ”, Observes Professor Glória Teixeira.
The survey also points out that 75.7% of Bahian children received the vaccine last year, also below the target of 90%. In ten years, BCG’s coverage drop was 29% in Bahia (2009-2019). In Salvador, only 69.1% of children received the dose in 2019. In the last ten years, the drop in BCG coverage in the municipality reaches 40% (2009-2019).
The goals were also not achieved in any of the other vaccines in the basic calendar (Rotavirus, Meningococcal C, Pentavalent, Pneumococcal, Poliomyelitis, Yellow Fever, Triple Viral and Hepatitis A). In Bahia and Salvador, the lowest adherence was registered in relation to Yellow Fever: 64.8% of children received the vaccine in the state; in the municipality, 60.75%. However, the target for this vaccine is 100% according to the Ministry of Health.
“Until 2015, the average coverage of the main vaccines indicated to children was above the target. In the following years, this percentage has been decreasing gradually throughout the country, including in the state of Bahia and in the municipality of Salvador ”, highlights Ramon Saavedra, researcher at ISC / UFBA.
According to him, the rates of vaccination coverage reflect, directly or indirectly, the population’s adherence to the regular vaccination program, the existence of people living at risk of preventable diseases, in addition to the effectiveness of the services.
“This monitoring represents an important planning, analysis and evaluation instrument, and it must be implemented on an ongoing basis in order to instrumentalize decision making at different levels of management”, he concludes.[:es]Según datos del Programa Nacional de Inmunización (PNI), ninguna de las nueve vacunas obligatorias para niños de hasta un año logró alcanzar la meta de vacunación en Brasil en 2019. Una investigación encargada y financiada por el Ministerio de Salud puede ayudar a comprender las razones. la caída de la cobertura de vacunación en los últimos años. El estudio es coordinado por el Instituto de Salud Colectiva de la Universidad Federal de Bahía (ISC / UFBA) en Salvador y otras tres capitales: São Paulo, Goiânia y Manaus.
La investigación “Estudios sobre Cobertura Vacunas de Niños nacidos en 2017 en Capitales Brasileñas ” evalúa la cobertura de todas las vacunas infantiles que forman parte del Calendario Nacional de Vacunación. En Salvador, el objetivo es recopilar datos de 2.000 niños en un plazo de 60 días. Hasta la fecha, unas 200 familias han participado en el estudio.
“La irregularidad de las coberturas de vacunación ha evidenciado el resurgimiento de algunas enfermedades prevenibles por vacunación en nuestro país, como el sarampión, además de incrementar el riesgo de otras enfermedades como la poliomielitis (parálisis infantil), la rubéola y la difteria”, advierte la profesora Glória Teixeira. quien coordina el estudio por ISC.
La encuesta de hogares cubre varios barrios de la capital bahiana y es realizada por una empresa especializada bajo la supervisión del Instituto. Durante las entrevistas, los padres / tutores responden a un cuestionario sobre las vacunas ya aplicadas al niño y el motivo de la ausencia de las que aún no se han realizado. Los entrevistadores también fotografían la tarjeta de vacunación para registrar los datos recopilados.
El estudio se inició en marzo de este año, antes de la pandemia Covid-19, y se reanudó la semana pasada, con la adopción de medidas de protección para los profesionales y personas entrevistadas. Durante las visitas domiciliarias, todos los entrevistadores utilizan mascarillas, protectores faciales y siguen el protocolo de higiene sanitaria.
Sobre los datos
En 2019, el 85,1% de los niños brasileños recibió una dosis de BCG, una vacuna que protege a los recién nacidos contra la tuberculosis. Fue la primera vez en 25 años que la adherencia a la vacuna estuvo por debajo del objetivo del 90% en Brasil. Los datos recolectados son del Programa Nacional de Inmunizaciones (PNI) del Ministerio de Salud.
“La caída de la cobertura de vacunación puede estar relacionada con varios factores, como la dificultad para acceder a las salas de vacunación, la imposibilidad de los padres o cuidadores de acudir a los servicios de salud en días laborables, o incluso la negativa de los responsables del niño a vacunarlo. ”, Observa la profesora Glória Teixeira.
La encuesta también señala que el 75,7% de los niños bahianos recibieron la vacuna el año pasado, también por debajo del objetivo del 90%. En diez años, la caída de cobertura de BCG fue del 29% en Bahía (2009-2019). En Salvador, solo el 69,1% de los niños recibieron la dosis en 2019. En los últimos diez años, la caída en la cobertura de BCG en el municipio alcanza el 40% (2009-2019).
Tampoco se alcanzaron los objetivos en ninguna de las otras vacunas del calendario básico (Rotavirus, Meningococo C, Pentavalente, Pneumococo, Poliomielitis, Fiebre amarilla, Triple Viral y Hepatitis A). En Bahía y Salvador, la menor adherencia se registró en relación a la Fiebre Amarilla: 64,8% de los niños recibieron la vacuna en el estado; en el municipio, 60,75%. Sin embargo, el objetivo de esta vacuna es del 100% según el Ministerio de Salud.
“Hasta 2015, la cobertura media de las principales vacunas indicadas a los niños estaba por encima de la meta. En los años siguientes, este porcentaje ha ido disminuyendo paulatinamente en todo el país, incluso en el estado de Bahía y en el municipio de Salvador ”, destaca Ramón Saavedra, investigador del ISC / UFBA.
Según él, las tasas de cobertura de vacunación reflejan, directa o indirectamente, la adherencia de la población al programa regular de vacunación, la existencia de personas que viven en riesgo de enfermedades prevenibles, además de la efectividad de los servicios.
“Este monitoreo representa un importante instrumento de planificación, análisis y evaluación, y debe ser implementado de manera permanente para instrumentalizar la toma de decisiones en los diferentes niveles de gestión”, concluye.[:]