Autora: Nádia Conceição
Na última quarta-feira (02), o Observatório de Análise Política em Saúde (OAPS) comemorou os seus 10 anos de atuação em grande estilo: com a realização do painel “O desenvolvimento da pesquisa em rede: experiência do OAPS e desafios para a sua manutenção”. A atividade foi coordenada pela pesquisadora e professora Maria Guadalupe e integrou a programação especial do Congresso do ISC, evento que comemora 30 anos de trajetória do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, e que segue até esta sexta-feira (04).
Uma das fundadoras do OAPS, a pesquisadora Carmen Teixeira, doutora em Saúde Pública, destacou em sua fala como foi realizado o processo de concepção do observatório, desde a aprovação, discussão e envio do projeto para o Congresso da Abrasco por um grupo de pesquisadores da área de política, planejamento e gestão. “Inicialmente esses pesquisadores se reuniram neste Congresso para discutir a importância de que a academia, no caso as universidades, pudesse subsidiar o processo de aperfeiçoamento e avaliação das políticas de saúde. Estávamos no final do governo Lula 2, início do governo de Dilma, e a gente elaborou o projeto, que se intitulou “Análise Política Social de Um Brasil no período de 2013 a 2017”, e a ideia que se discutia no Congresso era que não deveriam ser projetos isolados, que deveriam ser projetos organizados em redes envolvendo um conjunto de instituições”, destacou.
O Observatório foi constituído durante a execução do Projeto Análise de Políticas de Saúde no Brasil (2013-2017), apoiado pelo CNPq e Ministério da Saúde (Chamada MCTI/CNPq/CT-Saúde/MS/SCTIE/Decit nº 41/2013), conformado por uma rede de pesquisadores/as inseridos/as em diversas instituições de ensino e pesquisa da área da saúde e afins, envolvidas com a produção de conhecimento crítico na área de Políticas de Saúde. “É importante pensar que o observatório já nasceu com a vocação para coordenação de uma rede de pesquisadores, mas na época ainda não tínhamos pensado no site, começamos a elaborar esse projeto”, afirmou Carmen.
A professora Carmen também destacou a característica do observatório, a partir da reunião de um conjunto heterogêneo de pessoas que trabalhavam com temáticas distintas e que se formaram para abordar os teóricos metodológicos distintos, mas que “tiveram a possibilidade de estabelecer esse diálogo comum. Para isso, a gente precisou elaborar alguns princípios até para organizar melhor o nosso trabalho coletivo e esses são os princípios que foram incluídos no projeto original de acompanhamento das decisões governamentais que afetam o direcionamento da política da saúde”, disse.
Formado por uma equipe de 21 pessoas, dividida entre jornalistas, designers, fotógrafos, especialistas em tecnologia, diretores e pesquisadores, um dos principais objetivos do observatório é a realização de análise política em saúde, bem como, informa Yara Lima, mestre em Saúde Comunitária e coordenadora executiva do OAPS. “O OAPS trabalha por meio de 12 eixos que auxiliam a nossa dinâmica de trabalho e que podem ser vistos no site do observatório”, explicou.
O painel contou com a participação da pesquisadora Camila Reis, que trouxe sua experiência no ISC e no observatório, desde a graduação até os dias atuais. “O processo inicial, lá na graduação, marcou essa fase de transição para a criação do projeto. Naquele momento, estávamos tentando entender como seria o funcionamento do observatório, que ainda não era um site e nem tinha uma ideia de site. Depois, veio o processo de desenvolvimento, juntamente com a residência, que voltou a ser uma formação oferecida pelo ISC, a qual eu também fiz. Aprofundei-me mais no mestrado e no doutorado, e ainda estou como doutoranda no Instituto de Saúde Coletiva. E então, chegou o processo de compartilhamento, que é a fase mais recente da minha trajetória, como professora substituta desde o final do ano passado”, relembrou Camila.
Camila também contou como foi o processo de evolução da escolha do nome do observatório e como a imersão na dinâmica de concepção do OAPS foi importante para moldar sua trajetória dentro do Instituto de Saúde Coletiva. “Começamos ainda sem nome, e inclusive havia um grupo composto, em sua maioria, por estudantes de pós-graduação. Acho que eu era a única graduanda naquele momento. Estávamos ali no processo de construção, pensando em como produzir uma matriz de acompanhamento. Então, surgiram discussões teóricas e metodológicas, a partir da publicação de um artigo da professora Carmen [Teixeira] e do professor Jairnilson [Paim], que trazia a política do índice, usando a metodologia que, inclusive, utilizamos hoje no grupo de Saúde Coletiva”, informou Camila.
“Para chegar nesse nome, Observatório de Análise Política, contamos o processo como se tudo fosse muito simples, mas houve uma verdadeira imersão, com idas e vindas. Houve pessoas que não concordavam e pessoas que concordavam. Passamos pelo nome Observatório de Rede de Políticas até chegar ao atual Observatório de Análise Política em Saúde”, finalizou Camila.
A comunicação como uma aliada na construção e observação das Políticas de Saúde
O painel também foi importante para destacar o papel central do desenvolvimento de uma estratégia de comunicação que consiga comunicar de forma responsável e que contemple tanto a comunidade acadêmica quanto a população em geral.
De acordo com a jornalista e pesquisadora Inês Costal, uma das responsáveis pela comunicação do OAPS, manter uma comunicação planejada e dialógica permite que o público receba a informação e também seja parte da comunicação com a troca de informações.
“Para que pessoas de outras instituições conheçam o observatório, o Observatório esteve presente em todos os congressos de 2015 para cá, nos congressos de política e planejamento, no congresso de ciência de saúde, no congresso do Conasems e na 15ª Conferência Nacional de Saúde. Então, quando a gente não está presente por meio desses instrumentos, a gente está fazendo duas coisas ao mesmo tempo, fazendo a cobertura jornalística de debates e mesas que a gente identifica e que são muitas de interesse temático do observatório. Então a gente seleciona o que a gente vai cobrir com antecedência e traz para o observatório debates que são conduzidos por pesquisadores de fora, dessa forma, os congressos são oportunidades, que depois se tornam fontes de entrevistas”, explicou Inês.
Anannda Sampaio, uma das responsáveis pelas diagramação do site e produção das artes gráficas da comunicação em geral do OAPS, fala um pouco da importância de qualificar a marca do observatório para comunicar de forma eficaz. “A identidade visual do observatório é pensada em rede, assim como todo desenvolvimento, que é pensado para que as informações sejam entregues de forma acessível. O site do observatório é pensado, desde o desenvolvimento do layout, as cores vivas demonstrativas, para representar o que tem sido pensado nas nossas discussões e isso, pessoalmente, tem sido um trabalho complicado, porque transformar em imagem uma análise de uma discussão política que tem uma particularidade para traduzir, é um trabalho constante. Além do processo de criação diária e a diagramação, mas é um processo gratificante”, afirmou.
O site do observatório pode ser acompanhado no endereço https://analisepoliticaemsaude.org/