A epidemiologista Glória Teixeira, professora do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, foi um dos destaques desta manhã (12) no 58º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop 2023), realizado no Centro de Convenções de Salvador.
A professora participou da mesa-redonda “Vigilância e controle das arboviroses no Brasil” e abordou os principais desafios para o enfrentamento do Zika desde 2016, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a rápida propagação do vírus e o aumento de transtornos neurológicos e malformações congênitas como emergência de saúde pública de importância internacional.
“Só este ano, há pelo menos 354 casos de crianças que nasceram com Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika no Brasil. E isso é o que nós sabemos, pois há muitos casos que não são diagnosticados e que vão ocasionar problemas a essas pessoas no decorrer de suas vidas”, alertou a professora no evento.
Para Glória Teixeira, um dos grandes desafios atuais é o fortalecimento do processo de capacitação e conscientização dos profissionais de saúde com vistas ao aperfeiçoamento dos registros das malformações congênitas. Ela também chamou atenção para a necessidade de integrar as ações das três esferas de gestão do SUS.
“Não temos ainda nenhuma perspectiva de vacina contra o Zika, todas ainda estão em estágios iniciais, e a única forma de evitar novos casos da síndrome congênita é a proteção individual para as mulheres em idade fértil e gestantes, principalmente através do uso de repelentes. E é preciso também garantir o acesso gratuito a essa proteção às mulheres em situação de vulnerabilidade”, completou.
A mesa-redonda também contou com a presença de Ana Cecília Ribeiro Cruz, pesquisadora do Instituto Evandro Chagas e professora da Universidade Estadual do Pará (Uepa), que apresentou o tema “Vigilância entomovirológica: evidências e desafios”; Lívia Carla Vinhal Frutuoso, coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses (DEDT/SVSA/MS), que discutiu sobre “Novas tecnologias para o controle do Aedes e a aplicabilidade nos diversos cenários”; e Fernanda de Bruycker Nogueira, pesquisadora em Saúde Pública do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos (LARBOH) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que abordou sobre os “Protocolos de vigilância laboratorial integrados para arboviroses”. A sessão foi coordenada pelo professor Antônio Silva Lima Neto (UNIFOR), secretário executivo de Vigilância em Saúde da Secretária da Saúde do Estado do Ceará (SESA/CE).
Fotos: Egberto Siqueira