A obra Epidemiologia no Pós-Pandemia: de ciência tímida a ciência emergente, de autoria do professor Naomar de Almeida Filho (ISC/UFBA), foi a vencedora da categoria “Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social” da segunda edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). A premiação ocorreu na noite da última terça-feira (5), no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.

Publicado pela Editora Fiocruz, o livro propõe uma análise crítica da trajetória recente da epidemiologia, com foco nos desafios trazidos pela pandemia de covid-19. Ao longo de 23 capítulos, o autor revisita conceitos como risco, causalidade e desigualdades em saúde, articulando saberes biomoleculares, sociais e culturais. A obra também explora temas contemporâneos como sindemias, infodemiologia e transdisciplinaridade, sugerindo a construção de uma “etnoepidemiologia”, ou seja, uma ciência mais conectada às realidades dos territórios e das populações.

“Receber o Prêmio Jabuti Acadêmico por esse livro é o reconhecimento de toda uma carreira de docente e pesquisador construída com a colaboração de muitos colegas, de estudantes de doutorado, de mestrado e de iniciação científica, numa área ainda bastante nova, em processo de constituição como campo científico. Por isso o subtítulo do livro: de ciência tímida a ciência emergente. E isso ocorreu com a pandemia da Covid-19. Daí que se justifica o título: Epidemiologia no pós-pandemia”, destaca o professor Naomar.

A escrita do livro teve como objetivo ampliar o alcance do conteúdo, tornando-o acessível a diferentes públicos, sem abrir mão do rigor científico que marca a trajetória acadêmica do autor. “Por isso a escrevi num estilo de prosa, rigoroso, porém acessível, contando minha própria história como pesquisador nesse campo, especialmente focado na epidemiologia em saúde mental e com muito interesse nos aspectos metodológicos”, explica.

Para Naomar, a publicação confirma a maturidade do campo da Saúde Coletiva, que tem a Epidemiologia como um dos seus principais eixos. “A Epidemiologia, essa ciência jovem, centenária no mundo, tem menos de 60 anos no Brasil. Faço parte da segunda geração de epidemiologistas e espero ainda poder contribuir para uma visão de futuro da Epidemiologia como ciência de dados em saúde, nesse momento de emergência da Saúde Digital”, conclui o professor.

Além de Naomar, outros dois professores da UFBA também foram vencedores no Prêmio Jabuti Acadêmico 2025: João Carlos Salles, com a obra Gatos, peixes e elefantes: a gramática dos acordos profundos, na categoria “Filosofia”, e Jorge Augusto, com o livro Modernismo negro: a literatura de Lima Barreto, na categoria “Letras, Linguística e Estudos Literários”.

Criado em 2024 como desdobramento do tradicional Prêmio Jabuti, principal premiação literária do país, o Jabuti Acadêmico tem foco exclusivo em obras acadêmicas, técnicas e profissionais, organizadas nos eixos “Ciência e Cultura” e “Prêmios Especiais”. Nesta edição, mais de 2 mil obras foram inscritas. Os vencedores de cada categoria recebem uma estatueta do Jabuti Acadêmico e um prêmio no valor de R$ 5 mil.

Sobre o autor

Naomar de Almeida Filho é um dos mais respeitados nomes da Saúde Coletiva no Brasil. Professor titular de Epidemiologia do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, atualmente coordena o projeto de Inovação, Tecnologia e Equidade em Saúde (INTEQ-Saúde) e é consultor sênior da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) do Ministério da Saúde.

Médico, mestre em Saúde Comunitária e doutor em Epidemiologia, foi reitor da UFBA (2002-2010) e da Universidade Federal do Sul da Bahia (2013-2017). Também atuou como professor visitante em instituições de referência, como Harvard, McGill, USP e universidades na Argentina e no México.

Sua trajetória acadêmica inclui a publicação de 395 trabalhos, entre eles 223 artigos em periódicos científicos — 67 em revistas internacionais —, 118 capítulos em coletâneas especializadas, sendo 27 no exterior, e 27 livros técnicos, dos quais 8 foram lançados fora do país. Ao longo de sua carreira, foi agraciado com 29 láureas e comendas de reconhecimento nacional e internacional.