Foto: Anna Elisa/ASCOM do Ministério da Saúde.

O Instituto de Saúde Coletiva da UFBA (ISC/UFBA) marcou presença no Seminário Marco Intermediário das Pesquisas com Resultados do Programa Mais Médicos, realizado nos dias 4 e 5 de dezembro, na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), em Brasília. O evento reuniu pesquisadores de diversas instituições brasileiras para discutir evidências científicas que subsidiem o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS) no país e das estratégias de provimento para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Representando o ISC/UFBA, o professor Gustavo Menezes apresentou no Painel “APS em territórios vulnerabilizados: estratégias, desafios e aprendizados”, a pesquisa “Atenção Primária à Saúde em comunidades quilombolas no Nordeste brasileiro: estudo multicêntrico de métodos mistos”, financiada pela OPAS e coordenada por ele e pela professora Joilda Nery, diretora do Instituto.

Evidências para fortalecer a APS em comunidades quilombolas

Foto: Anna Elisa/ASCOM Ministério da Saúde.

O estudo apresentado busca enfrentar um dos principais desafios para a formulação de políticas públicas: a escassez de informações precisas e atualizadas sobre saúde em comunidades quilombolas. A pesquisa abrange 27 comunidades nos estados da Bahia, Pernambuco e Sergipe, e tem como objetivos:

    • Analisar a organização dos serviços de APS nesses territórios, visando compreender as práticas de cuidado no atendimento das necessidades de saúde;
    • Descrever as práticas de cuidado, a caracterização da oferta de assistência e o perfil da força de trabalho de profissionais da APS que atuam em serviços presentes nos territórios envolvidos no estudo;
    • Avaliar a efetividade das ações de cuidado;
    • Identificar barreiras e potencialidades no acesso aos serviços de saúde;
    • Fomentar a elaboração, desenvolvimento e aplicação de tecnologias sociais que promovam a gestão participativa e o fortalecimento das redes de cuidado, com foco no cuidado culturalmente sensível e no aprimoramento do acesso aos serviços da APS;
    • Produzir evidências que apoiem decisões governamentais sobre financiamento, planejamento e expansão da rede de atenção.

Segundo Gustavo Menezes, compreender a dinâmica da APS em territórios quilombolas é fundamental para reduzir desigualdades históricas e garantir que populações vulnerabilizadas tenham seu direito à saúde assegurado.

Equidade no centro do SUS

Durante o seminário nacional, participantes reforçaram que a equidade deve orientar todas as estratégias de fortalecimento do SUS. Apesar dos avanços promovidos pelo Programa Mais Médicos, ainda “falta muito para que o SUS chegue plenamente a algumas populações vulnerabilizadas”, destacou o pesquisador.

Foto: Anna Elisa/ASCOM Ministério da Saúde.

O encontro também proporcionou intercâmbio entre equipes de pesquisa de todo o país e permitiu identificar desafios comuns na consolidação de uma Atenção Primária mais resolutiva, acolhedora e territorializada, além de apresentações das experiências vencedoras do Chamamento Público Conjunto SAPS e SGTES/MS nº 1/2025 – do Laboratório de Inovação – Projeto Mais Médicos para o Brasil, que evidenciaram como a Atenção Primária pode se fortalecer a partir da equidade, da inovação e do enraizamento territorial.