Autora: Ana Flávia Nery
Compartilhar as reflexões sobre o desenvolvimento da área, as dificuldades enfrentadas e o futuro da formação em Saúde Coletiva no Brasil. Essa foi a proposta do 5º painel do Congresso Interno do ISC, realizado na última quinta-feira (03), como parte da programação especial de aniversário pelos 30 anos do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA.
A sessão, que também marcou os 51 anos do Programa de Pós-graduação do ISC/UFBA, foi mediada pela professora Florisneide Barreto, coordenadora do PPGSC, com a participação dos professores Jorge Iriart (ISC/UFBA), Aylene Bousquat (USP) e Marcelo Castellanos (ISC/UFBA), e da bibliotecária Maria Creuza Silva (ISC/UFBA), que discutiram a história, os desafios e as perspectivas da pós-graduação na saúde coletiva.
Jorge Iriart iniciou com uma análise histórica do programa de pós-graduação do ISC, que foi pioneiro no Nordeste, sendo por muitos anos o único doutorado na região. Ele destacou a importância do Instituto na redução da desigualdade regional, formando quadros qualificados e alcançando excelência acadêmica, com a nota 7 na avaliação da CAPES em 2010. Iriart também ressaltou a interdisciplinaridade do ISC, a ausência de departamentos e o impacto social e científico do instituto, especialmente na internacionalização e na contribuição à formulação de políticas públicas.
Aylene Bousquat abordou a evolução da saúde coletiva como uma área distinta da medicina e enfatizou os desafios do crescimento rápido dos programas de pós-graduação no Brasil, que já superam 100. Ela falou sobre a necessidade de manter a qualidade da formação, o papel das ações afirmativas e as dificuldades de permanência de alunos de grupos minoritários. Aylene também destacou a importância de avançar na reforma sanitária e criticou a fragmentação das publicações acadêmicas, celebrando as recentes mudanças nas avaliações da CAPES, que agora priorizam a qualidade sobre a quantidade.
Maria Creuza compartilhou sua experiência na elaboração dos relatórios da CAPES, destacando a transição para a plataforma Sucupira e os desafios que ainda persistem, como a falta de integração com o sistema Lattes. Ela fez um apelo para que os docentes e egressos mantenham seus currículos atualizados, enfatizando a importância da colaboração e do engajamento para garantir a qualidade da pós-graduação do ISC.
Já Marcelo Castellanos trouxe uma reflexão sobre os desafios institucionais e o esgotamento vivido na academia, sugerindo a criação de ambientes mais colaborativos e regenerativos. Ele também abordou a importância de enfrentar desigualdades internas no campo da saúde coletiva e de promover maior inclusão de diferentes atores sociais.
O painel reafirmou o compromisso da Instituto de Saúde Coletiva da UFBA com a formação de qualidade e a promoção de inovações no campo da saúde coletiva, mantendo sua relevância acadêmica e social.