Estudo revela benefícios da alimentação tradicional e riscos do consumo de
alimentos ultraprocessados, sal e álcool.

Em celebração ao Dia Mundial da Alimentação, o ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto) divulga resultados de suas pesquisas sobre a relação entre alimentação e saúde. As análises, baseadas em informações de milhares de participantes, destacam os efeitos positivos de uma alimentação tradicional brasileira, consumo de café e laticínios, além dos riscos associados ao consumo excessivo de sal, produtos ultraprocessados e bebidas alcoólicas.

O ELSA-Brasil é um grande estudo de coorte que acompanha, desde 2008, a saúde de mais de 15 mil adultos e idosos em seis capitais brasileiras, com o objetivo de gerar conhecimento científico sobre doenças crônicas no país. O estudo é conduzido por pesquisadores(as) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), da Universidade de São Paulo (USP) e das Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG), do Espírito Santo (UFES), da Bahia (UFBA) e do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Cerca de 100 artigos científicos sobre alimentação já foram produzidos no ELSA-Brasil, abordando padrões alimentares, consumo de sal, produtos ultraprocessados, laticínios, café, bebidas alcoólicas, adoçantes, ingestão de nutrientes, qualidade da dieta e adesão a dietas especiais. A edição especial do boletim reúne os principais achados sobre alguns temas.

Os resultados mostram que seguir uma alimentação tradicional brasileira – com arroz e feijão – ou adotar uma dieta rica em frutas, verduras, castanhas e peixes, está associado à redução de peso e da gordura corporal ao longo do tempo. Já o consumo de sal permanece muito acima do recomendado: a média foi de 11 gramas por dia, mais que o dobro do limite sugerido pela Organização Mundial da Saúde (5g). Homens consomem cerca de 38% mais sal do que mulheres, revelando diferenças importantes nos hábitos alimentares.

O consumo de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, sucos industrializados, biscoitos, embutidos (linguiça, salsicha, presunto, mortadela) e salgadinhos, esteve associado a maior risco de várias doenças. Participantes que bebiam um copo médio (240 ml) de refrigerante por dia tiveram até 23% mais risco de hipertensão, diabetes e síndrome metabólica. No geral, quem consome mais ultraprocessados tem maior chance de obesidade, colesterol e triglicerídeos altos, além de depressão. Um aumento de 10% no consumo diário desses produtos elevou o risco de morrer por qualquer causa em 10% e por doenças crônicas em 11%.

Alguns hábitos, no entanto, mostraram efeitos protetores. O consumo regular de café (duas a três xícaras pequenas por dia) esteve associado a menor risco de diabetes e hipertensão, além de melhor desempenho de memória e linguagem entre pessoas com mais de 65 anos. Já os laticínios, principalmente os desnatados, relacionaram-se a níveis mais baixos de pressão arterial e melhor saúde cardiovascular. Quem consumia mais laticínios teve até 64% menos risco de morrer por doenças do coração.

Em relação às bebidas alcoólicas, metade dos participantes relatou consumo regular. A cerveja foi a bebida mais consumida, seguida de destilados entre os homens e de vinho entre as mulheres. O consumo excessivo de álcool aumentou o risco de hipertensão, obesidade abdominal e triglicerídeos elevados, sendo os efeitos mais acentuados nos homens.

Os resultados do ELSA-Brasil reforçam a importância de promover políticas públicas voltadas para a alimentação saudável, com foco na redução do consumo de produtos ultraprocessados, do sal e do álcool, e no incentivo a padrões alimentares tradicionais e naturais. Para a população, as descobertas trazem mensagens práticas: priorizar alimentos frescos, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e valorizar o café e os laticínios com moderação. Uma alimentação adequada, aliada a outras práticas de saúde, podem contribuir para uma vida mais longa e saudável.

O boletim completo do Dia Mundial da Alimentação e mais informações sobre o ELSA-Brasil estão disponíveis no site do estudo: https://elsabrasil.org/

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