O Instituto de Saúde Coletiva da UFBA (ISC/UFBA) realizou, no dia 07 de novembro, mais uma edição do Saúde Coletiva em Debate, dedicada a apresentar os avanços e desafios do Repositório de Dados Seguros Prof. Sebastião Loureiro, uma das infraestruturas científicas mais estratégicas do Instituto para a produção de evidências em saúde no Brasil.

Coordenada pelo professor Márcio Natividade (ISC/UFBA), a sessão reuniu pesquisadores, estudantes e profissionais interessados em governança de dados, segurança da informação e inovação tecnológica aplicada à saúde.

O repositório — nomeado em homenagem ao professor Sebastião Loureiro, pioneiro na fundação do ISC e figura essencial para o desenvolvimento da Saúde Coletiva na UFBA — representa um marco na modernização das práticas de pesquisa baseadas em grandes bases de dados.

Ao longo da sessão, Márcio destacou a trajetória visionária de Loureiro, “que acompanhou desde a datilografia até a chegada dos primeiros computadores ao Instituto”, ajudando a consolidar uma cultura institucional de rigor metodológico, integração entre disciplinas e uso estratégico de dados para fortalecer a ciência.

Infraestrutura robusta, segurança e LGPD

A primeira apresentação, conduzida pelo pesquisador Dr. Jessi Leal (PECS/ISC/UFBA), enfatizou a evolução da governança de dados no ISC, incluindo:

  • Implementação de protocolos compatíveis com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD);
  • Ambientes controlados e auditáveis para análise de bases sensíveis;
  • Rotinas de anonimização, auditoria interna e documentação técnica;
  • Criação de painéis de Business Intelligence (BI) para monitoramento do uso e desempenho do repositório.

Jessi ressaltou que a governança não é apenas um requisito legal, mas um pilar estrutural para garantir a confiabilidade, rastreabilidade e ética na utilização de dados científicos.

Da datilografia aos bilhões de registros científicos

O engenheiro de dados MSc. Juracy Bertoldo (PECS/ISC/UFBA) apresentou as etapas que consolidaram o repositório desde sua concepção, em 2017, até sua forma atual, que integra:

  • Mais de 1 bilhão de registros de sistemas nacionais de informação em saúde (SIM, SIH, SINAN, CNES, entre outros);
  • Procedimentos de linkage determinístico e probabilístico;
  • Ambiente de armazenamento seguro com múltiplas camadas de proteção;
  • Infraestrutura dedicada a análises estatísticas, geoespaciais e soluções baseadas em inteligência artificial.

Juracy detalhou também o funcionamento da Sala de Dados Sensíveis, espaço de alta segurança com acesso biométrico, videomonitoramento e servidores isolados da internet — ambiente essencial para a conformidade ética e legal das pesquisas realizadas no ISC.

O repositório tem apoiado estudos de grande relevância social, incluindo a avaliação de políticas públicas e programas de saúde; análise dos efeitos das desigualdades sociais sobre doenças infecciosas; estudos multicêntricos em parceria com instituições nacionais e internacionais e projetos que subsidiam decisões estratégicas do SUS.

Além de fortalecer a produção científica, a plataforma fomenta a formação de novos perfis de pesquisadores em saúde digital, engenharia de dados, epidemiologia computacional e ciência de dados aplicada à saúde.

Para Natividade, o repositório representa “um investimento estratégico que consolida o ISC como referência nacional na integração entre ciência, tecnologia e políticas públicas”.

A sessão evidenciou que o repositório não apenas organiza e protege dados sensíveis, mas transforma essas informações em evidências capazes de orientar decisões governamentais, subsidiar pesquisas e fortalecer o SUS.

Com o novo painel de BI, o avanço da governança institucional de dados e a expansão das parcerias acadêmicas e institucionais, o Repositório Prof. Sebastião Loureiro se consolida como um patrimônio científico e uma infraestrutura essencial para os desafios contemporâneos da Saúde Coletiva.

O evento contou com acessibilidade em Libras e está disponível no canal do ISC no Youtube (link acima).