O Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA) realizou, no dia 24 de outubro, mais uma edição do ciclo Saúde Coletiva em Debate, com o tema “A Saúde na Agenda Climática Global: Perspectivas para a COP 30 em Belém”. A sessão trouxe a Dra. Agnes Soares da Silva, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde (DVSAT/SVSA/MS), como expositora principal, e contou com a participação da pesquisadora Andrêa Ferreira (Cidacs/Fiocruz/Iyaleta) como debatedora. A atividade foi coordenada pelo professor Ismael Silveira (ISC/UFBA).
Durante sua apresentação, Agnes reforçou que os efeitos da mudança do clima não são projeções de futuro, mas já estão em curso e impactando o cotidiano de milhões de pessoas. “2024 foi o ano mais quente já registrado na história. Ondas de calor, enchentes, secas e incêndios estão pressionando diretamente os sistemas de saúde e ampliando desigualdades sociais”, destacou. A expositora ressaltou dados recentes que mostram que o Brasil viveu, em 2024, uma combinação de eventos extremos que deixaram clara a urgência de adaptação climática, especialmente para populações vulnerabilizadas, como comunidades negras, indígenas e quilombolas.
Agnes enfatizou que as mudanças climáticas já atuam como aceleradores de iniquidades, aprofundando vulnerabilidades pré-existentes. Segundo ela, integrar saúde e clima em políticas públicas é fundamental para reduzir impactos desiguais e garantir proteção social. “Colocar a saúde no centro da agenda climática é colocar a vida no centro da ação política”, afirmou.
A sessão também contextualizou o papel estratégico da COP 30, que será realizada em 2025, em Belém, como marco para fortalecer compromissos globais. Agnes apresentou o Plano de Ação em Saúde de Belém, que será lançado durante a COP, destacando que o Brasil está atuando não apenas como anfitrião, mas como país articulador de soluções, propondo uma agenda concreta baseada em adaptação, resiliência dos sistemas de saúde, participação social e justiça climática.
“A COP 30 será um momento histórico para reivindicar que saúde seja tratada como eixo estruturante da ação climática global. Não é possível seguir discutindo clima sem discutir sistemas de saúde fortalecidos e capazes de proteger vidas”, afirmou.
Ao final da sessão, o debate reforçou que a construção de políticas integradas entre clima e saúde exige cooperação internacional, ciência, inovação tecnológica, financiamento climático e participação ativa da sociedade. A integração com o SUS foi reiterada como central para a resposta brasileira à crise climática.
Para ter acesso à apresentação de Agnes, clique aqui.
O evento contou com acessibilidade em Libras e está disponível no canal do ISC no YouTube (link acima).






