Foto Symbiosis/divulgação

Publicado recentemente, um artigo científico liderado pela Universidade de Helsinki com participação do Prof. Dr. Federico Costa e do pós-doutorando Caio Zeppelini, vinculados ao Instituto de Saúde Coletiva da UFBA (ISC/UFBA) chama atenção para a necessidade de incluir estratégias de saúde única (One Health) em projetos de restauração ambiental. O estudo, fruto do projeto europeu BEPREP (Best Practices for Biodiversity Recovery and Public Health Interventions), foi publicado em uma revista científica internacional e reúne orientações práticas para reduzir o risco de surgimento de doenças zoonóticas em processos de recuperação da biodiversidade.

Embora a restauração ecossistêmica seja reconhecida como fundamental para enfrentar a crise climática e a perda de biodiversidade, os pesquisadores alertam que tais intervenções podem, inadvertidamente, aumentar o risco de transmissão de doenças entre animais e humanos se não forem bem planejadas. Para evitar esse efeito, o artigo propõe um processo adaptativo baseado em One Health, que integre dimensões ambientais, animais e humanas no planejamento, monitoramento e avaliação dos projetos.

Segundo a professora Frauke Ecke (Universidade de Helsinki), coordenadora do estudo, é essencial estabelecer indicadores ambientais, de fauna e de saúde humana que orientem a restauração. “Precisamos de abordagens que maximizem os benefícios da biodiversidade e minimizem os riscos potenciais de zoonoses associados às intervenções ambientais”, destaca.

O estudo também aponta que fatores como mudanças climáticas e contaminação ambiental podem alterar a dinâmica de risco zoonótico ao longo do tempo, reforçando a importância de abordagens adaptativas. Uma das recomendações é o uso da re-selvatização trófica, estratégia que prevê a reintrodução de espécies ecologicamente significativas, incluindo predadores, para acelerar a recuperação de funções ecossistêmicas e reduzir riscos à saúde.

Para Federico Costa (ISC/UFBA), coautor do estudo, a participação do Brasil é fundamental para ampliar a perspectiva global. “Países como o Brasil, com grande diversidade biológica e intensa pressão ambiental, são estratégicos para compreender e prevenir os impactos da restauração sobre a saúde coletiva”, afirma.

O artigo reforça que ignorar tais estratégias pode comprometer os esforços globais de restauração e a própria agenda de prevenção de futuras epidemias e pandemias.

Acesse o artigo clicando aqui. Para mais informações e outros resultados do projeto BEPREP podem ser acessadas em: https://www.beprep-project.eu.