Entre os dias 3 e 5 de setembro, o Rio de Janeiro sediou o lançamento dos dados parciais do estudo “Nascer no Brasil II: inquérito nacional sobre perdas fetais, partos e nascimento”, assim como o Encontro de Coordenadores(as) da pesquisa em todo o Brasil. O Instituto de Saúde Coletiva da UFBA esteve representado pela professora Drª Mônica Neri, coordenadora do estudo na Bahia.
Nesta segunda versão da pesquisa, também coordenada pela professora Maria do Carmo Leal (Fiocruz), foram entrevistadas mais de 20 mil mulheres em cerca de 400 maternidades de todas as regiões do país. O objetivo é apresentar um panorama nacional da atenção ao parto e nascimento, com informações sobre o perfil das puérperas, características das maternidades, adequação ao pré-natal, amamentação, além de taxas de cesarianas, partos vaginais e boas práticas baseadas em evidências científicas.
Na ocasião, foram apresentados dados inéditos sobre gestação, parto e nascimento no Estado do Rio de Janeiro, cujos resultados estão publicados em uma série de sete artigos na Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Entre os achados relacionados à atenção ao parto no estado do Rio de Janeiro, observou-se que 80% das mulheres atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram acompanhante em tempo integral, enquanto no setor privado a taxa foi de 98%. Entre as mulheres entrevistadas, 46% evoluíram para o parto vaginal, observando-se elevado percentual de oferta de métodos não farmacológicos para alívio da dor, alimentação e deambulação livre.
No entanto, a oferta de analgesia peridural apresentou forte desigualdade: apenas 1% das mulheres atendidas no SUS tiveram acesso a esse recurso, contra 30% no setor privado. As taxas de cesariana permaneceram elevadas em relação ao estudo Nascer no Brasil I, chegando a 66% em municípios do interior e a 85% nos hospitais privados.
“Os resultados dessa pesquisa mostraram, ainda, que a oferta da analgesia peridural esteve entre os fatores importantes para a ocorrência do parto vaginal”, destacou a pesquisadora Mônica Neri.
Atualmente, o ISC/UFBA e a Fiocruz desenvolvem um projeto de cooperação técnico-científica com hospitais franceses para ampliação da oferta da analgesia peridural em maternidades brasileiras, com vistas a aumentar o conforto da mulher no parto e reduzir as taxas de cesárea.
Os dados nacionais do estudo estão previstos para divulgação em uma próxima etapa, no início de 2026.