Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a Bahia não conseguiu atingir nenhuma das metas de vacinação estabelecidas para o calendário infantil desde 2016. Em Salvador, apenas uma vacina, a BCG, alcançou o índice de cobertura em 2020. A capital baiana é uma das cidades selecionadas pelo Ministério da Saúde para participar de um estudo que tem como objetivo investigar a cobertura vacinal de crianças nascidas nos anos de 2017 e 2018, e que vivem em áreas urbanas das capitais brasileiras.

A pesquisa em Salvador é coordenada pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e tem o objetivo de coletar dados de 2 mil crianças. Durante as entrevistas domiciliares, realizadas entre os meses de julho e setembro de 2021, os pais ou responsáveis responderam a um questionário sobre as vacinas já aplicadas e os motivos que levaram a não completar o esquema de vacinação. Os entrevistadores também fotografaram a caderneta de vacinação das crianças para identificar quais as vacinas elas receberam desde o nascimento até o momento da entrevista.

O inquérito pretende estimar as coberturas vacinais relativas às seguintes vacinas: BCG, hepatite B, poliomielite, pentavalente, rotavírus humano, febre amarela, meningococo conjugada C, pneumococo conjugado 10 valente, influenza, hepatite A, tríplice viral, varicela e reforço para DPT e poliomielite. Através do estudo, será possível comparar as doses aplicadas, os dados de produção dos serviços de atenção básica, a proporção de crianças que utilizam serviços privados para imunização, assim como avaliar as condições de vida e dados socioeconômicos das famílias.

“Os resultados deste inquérito serão fundamentais para o Programa Nacional de Imunização definir novas estratégias capazes de obter maior adesão dos pais e responsáveis pelas crianças ao Calendário de Vacinação Infantil”, explica a pesquisadora Glória Teixeira (ISC/UFBA), coordenadora do estudo em Salvador.

Os entrevistadores de campo são profissionais contratados pela empresa Science, sob supervisão do ISC/UFBA, e devidamente identificados com crachá, camisa do projeto e carta de apresentação. Durante as visitas, os profissionais seguem o protocolo de segurança e higienização estabelecido pelo Ministério da Saúde, com uso de máscaras, protetor facial, álcool gel e distanciamento físico em relação aos entrevistados. As entrevistas são realizadas, preferencialmente, em local aberto e arejado, com duração média de 20 a 30 minutos.

Para garantir maior segurança e transparência da pesquisa, o Ministério da Saúde disponibilizou o telefone 136 (Disque Saúde) para fornecer informações gerais sobre o estudo. Através do telefone 0800 025 0174, a população também pode tirar dúvidas sobre a pesquisa e confirmar a identidade dos entrevistadores diretamente com a empresa contratada.

Números alarmantes

Dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) apontam que 69,61% das crianças baianas receberam a dose da poliomielite, vacina que protege contra a paralisia infantil, em 2020. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde para essa vacina é de 95%. Nos últimos anos, a queda da cobertura da pólio foi de 27% na Bahia (2015-2020). Em Salvador, apenas 72,44% das crianças receberam a dose no ano passado. A queda na cobertura da poliomielite no município chega a quase 30% no período (2015-2020).

No estado, as metas também não foram alcançadas em nenhuma das demais vacinas do calendário básico (rotavírus, meningocócica C, pentavalente, pneumocócica, poliomielite, febre amarela, tríplice viral) em 2020. Em Salvador, apenas a vacina BCG (110,44%) atingiu a meta no ano passado. Apesar de registrar cobertura de 94,38%, a tríplice viral ficou abaixo da meta estabelecida de 95%.

Na Bahia e em Salvador, a adesão mais baixa registrada em 2020 foi para a febre amarela: 61,06% das crianças receberam a vacina no estado; no município, 63,58%. No entanto, a meta para essa vacina é de 100% de acordo com o Ministério da Saúde.

Segundo a pesquisadora Glória Teixeira, a queda da cobertura vacinal pode estar relacionada a diversos fatores, como dificuldade de acesso às salas de vacinação, impossibilidade dos pais ou cuidadores em buscar os serviços de saúde nos dias úteis, ou até mesmo a recusa dos responsáveis pela criança em vaciná-las.

“A pesquisa vai contribuir para subsidiar o PNI no aprimoramento e fortalecimento das atividades de vacinação em cada município a partir das falhas detectadas, a exemplo do horário de atendimento, localização das salas de vacinação, disponibilidade permanente dos imunobiológicos, estabelecer busca ativa de crianças não vacinadas, dentre outras medidas”, avalia.

Cobertura das Vacinas do Calendário Básico da Criança, Bahia (2015 a 2020) 

2015 2016 2017 2018 2019 2020
BCG 102,9 84,1 86,9 84,3 78,05 74,77
Rotavírus Humano 88,4 74,1 75,6 80,1 75,23 70,99
Meningocócica C 93,8 77,7 82,1 78,3 78,53 72,63
Pentavalente 92,9 76,9 76,9 77,2 66,89 68,39
Pneumocócica 90,2 79,6 85,6 84,2 79,56 76,21
Poliomielite 95,4 70,7 78,3 78,3 74,83 69,61
Febre Amarela 83,3 69,5 72,8 69,1 66,44 61,06
Tríplice Viral 90,2 85,7 79,2 82,3 84,65 78,47

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações

 

Cobertura das Vacinas do Calendário Básico da Criança, Salvador (2015 a 2020) 

  2015 2016 2017 2018 2019 2020
BCG 110,4 94,1 81,6 81,4 69,1 110,44
Rotavírus Humano 83,16 71,11 84,74 76,98 71,15 81,41
Meningocócica C 95,25 81,48 89,05 74,97 74,8 77,87
Pentavalente 95,13 87,31 86,63 78,15 59,04 72,53
Pneumocócica 91,35 80,27 90,33 81,03 75,05 85,57
Poliomielite 102,56 81,66 85,87 76,5 70,19 72,44
Febre Amarela 81,56 68,58 81,29 62,99 60,75 63,58
Tríplice Viral 89,77 97,05 80,87 87,27 84,14 94,38

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações