[:pb]Os programas federais direcionados a populações mais vulneráveis foram os mais afetados pelos cortes orçamentários do Brasil nos últimos anos. As reduções em áreas como assistência social, educação e moradia chegaram a R$ 60,2 bilhões de 2014 a 2017. A conclusão é de um estudo liderado pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e publicado, recentemente, pela revista científica internacional BMJ.
Para o levantamento, foram utilizados dados orçamentários disponibilizados ao público pelo Senado Federal. “Avaliamos os gastos, em reais, comprometidos com esses programas nos orçamentos federais de 2014, 2015, 2016 e 2017. A escolha de quais analisar foi feita antes da determinação das tendências orçamentárias”, explica o pesquisador Luis Eugênio de Souza, que coordenou o estudo.
Dos 19 programas selecionados, 15 sofreram reduções no período. Os maiores cortes de orçamento ocorreram nos programas “Segurança Alimentar e Nutricional” (-85%), “Habitação Decente” (-82%); “Enfrentando o racismo e promovendo a igualdade racial” (-79%) e “Políticas para as mulheres” (-64%). A pesquisa aponta que programas maiores, como “Bolsa Família” e “Educação”, também sofreram cortes, que totalizaram mais de R$ 15 bilhões só em 2014.
“Além da grande redução orçamentária geral, é importante observar que as maiores reduções proporcionais ocorreram em programas direcionados a populações mais vulneráveis. Fica claro que as atuais políticas de austeridade no Brasil podem prejudicar, inclusive, a saúde dessa população”, destaca Rafael Damasceno de Barros, professor da Escola de Enfermagem da UFBA, que participou do trabalho.
Através do estudo, os pesquisadores pretendem identificar os possíveis impactos das políticas de austeridade, incluindo a Emenda Constitucional 95/2016, que limitou o gasto primário federal pelos próximos 20 anos, sobre as chances do país de alcançar as metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas na Agenda 2030, acordo assinado pelo Brasil e mais 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.
Para Souza, a pesquisa é um alerta para a tomada de decisões no país. “No Brasil, as desigualdades se manifestam em diferentes dimensões: renda e riqueza, gênero e raça, acesso a bens e serviços, bem como desigualdades regionais e urbano-rurais. A solução desse problema deve ser uma prioridade, mas nosso estudo mostra que as medidas tomadas podem aumentar, ainda mais, essas desigualdades”, conclui.[:en]Federal programs targeting the most vulnerable populations have been the hardest hit by Brazil’s budget cuts in recent years. Reductions in areas such as social assistance, education and housing reached R$ 60.2 billion from 2014 to 2017. The conclusion is from a study led by the Institute of Collective Health of the Federal University of Bahia (ISC / UFBA) and recently published by international scientific journal BMJ .
For the survey, budget data made available to the public by the Federal Senate were used. “We evaluated the expenditures, in reais, committed to these programs in the federal budgets of 2014, 2015, 2016 and 2017. The choice of which ones to analyze was made before determining budget trends,” explains researcher Luis Eugênio de Souza, who coordinated the program. study.
Of the 19 programs selected, 15 suffered reductions in the period. The largest budget cuts fell on the “Food and Nutrition Security” (-85%), “Decent Housing” (-82%) programs; “Facing racism and promoting racial equality” (-79%) and “Policies for women” (-64%). The survey points out that larger programs such as “Bolsa Família” and “Educação” also suffered cuts, which totaled more than R$ 15 billion in 2014 alone.
“In addition to the large overall budget reduction, it is important to note that the largest proportional reductions have occurred in programs targeting the most vulnerable populations. It is clear that the current austerity policies in Brazil can even harm the health of this population, ”he says.
Through the study, researchers aim to identify the possible impacts of austerity policies, including Constitutional Amendment 95/2016, which limited federal primary spending for the next 20 years, on the country’s chances of achieving the sustainable development goals set in the Agenda. 2030, agreement signed by Brazil and 193 member countries of the United Nations (UN) in 2015.
“In Brazil, inequalities manifest themselves in different dimensions: income and wealth, gender and race, access to goods and services, as well as regional and urban-rural inequalities. Solving this problem should be a priority, but our study shows that the measures taken can further increase these inequalities, ”he concludes.[:es]Los programas federales dirigidos a las poblaciones más vulnerables han sido los más afectados por los recortes presupuestarios de Brasil en los últimos años. Las reducciones en áreas como asistencia social, educación y vivienda alcanzaron R$ 60,2 mil millones entre 2014 y 2017. La conclusión es de un estudio dirigido por el Instituto de Salud Colectiva de la Universidad Federal de Bahía (ISC / UFBA) y publicado recientemente por revista científica internacional BMJ .
Para la encuesta, se utilizaron datos presupuestarios puestos a disposición del público por el Senado Federal. “Evaluamos los gastos, en reales, comprometidos con estos programas en los presupuestos federales de 2014, 2015, 2016 y 2017. La elección de cuáles analizar se realizó antes de determinar las tendencias presupuestarias”, explica el investigador Luis Eugênio de Souza, quien coordinó el programa. estudio
De los 19 programas seleccionados, 15 sufrieron reducciones en el período. Los mayores recortes presupuestarios recayeron en los programas “Seguridad alimentaria y nutricional” (-85%), “Vivienda digna” (-82%); “Enfrentando el racismo y promoviendo la igualdad racial” (-79%) y “Políticas para las mujeres” (-64%). La encuesta señala que programas más grandes como “Bolsa Família” y “Educação” también sufrieron recortes, que totalizaron más de R$ 15 mil millones solo en 2014.
“Además de la gran reducción del presupuesto general, es importante tener en cuenta que las mayores reducciones proporcionales se han producido en programas destinados a las poblaciones más vulnerables. Está claro que las políticas de austeridad actuales en Brasil pueden incluso dañar la salud de esta población ”, dice.
A través del estudio, los investigadores apuntan a identificar los posibles impactos de las políticas de austeridad, incluida la Enmienda Constitucional 95/2016, que limitó el gasto primario federal durante los próximos 20 años, sobre las posibilidades del país de lograr los objetivos de desarrollo sostenible establecidos en la Agenda. 2030, acuerdo firmado por Brasil y 193 países miembros de las Naciones Unidas (ONU) en 2015.
“En Brasil, las desigualdades se manifiestan en diferentes dimensiones: ingresos y riqueza, género y raza, acceso a bienes y servicios, así como desigualdades regionales y urbano-rurales. Resolver este problema debería ser una prioridad, pero nuestro estudio muestra que las medidas tomadas pueden aumentar aún más estas desigualdades ”, concluye.[:]